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A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversi - CNI

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T E E B P A R A O S E T O R D E N E G Ó C I O SQuadro 3.3 Estudo de caso – Valoração contingencial na zona de conservação de cacatuasNo início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, a Comissão de Avaliação de Reservas (RAC) <strong>da</strong> Austrália investigou as opçõespara uso <strong>dos</strong> recursos de uma região de conservação de cacatuas (KCZ, Kakadu Conservation Zone). Asalternativas incluíam a abertura <strong>da</strong> KCZ à mineração ou a combinação <strong>da</strong> KCZ com o parque nacional decacatuas (KNP, Kakadu National Park) adjacente.Acredita-se que a KCZ contenha reservas significativas de ouro, platina e paládio. Os grupos ambientaisargumentaram que os <strong>da</strong>nos potenciais <strong>da</strong> mineração provavelmente se propagariam <strong>da</strong> KCZ para o KNP, oque seria altamente prejudicial ao uso público e aos valores de não uso do parque. Por outro lado, a empresade mineração proponente argumentou que os <strong>da</strong>nos seriam mínimos e que o público não atribuía um altovalor à KCZ.A investigação <strong>da</strong> RAC envolveu dois componentes importantes. Em primeiro lugar, foi realizado um estudopara estimar o risco provável de <strong>da</strong>nos causa<strong>dos</strong> pela mineração. Em segundo lugar, a RAC usou uma pesquisade valoração contingencial para estimar o valor econômico <strong>dos</strong> <strong>da</strong>nos potenciais. Como a extensão <strong>dos</strong><strong>da</strong>nos era desconheci<strong>da</strong> por ocasião <strong>da</strong> realização <strong>da</strong> pesquisa, foram considera<strong>dos</strong> cenários de <strong>da</strong>nos substanciaise mínimos. Com base em uma descrição <strong>da</strong> KCZ e nos cenários de <strong>da</strong>nos ambientais em potencial,perguntou-se aos entrevista<strong>dos</strong> em to<strong>da</strong> a Austrália se concor<strong>da</strong>riam em pagar um preço pré-determinadopara evitar os <strong>da</strong>nos. Por meio <strong>da</strong> distribuição aleatória <strong>dos</strong> preços propostos a ca<strong>da</strong> entrevistado, foi estima<strong>da</strong>uma disposição de pagar (DDP) média, controlando-se ao mesmo tempo as diferenças nas características <strong>da</strong>população <strong>da</strong> amostra. Os resulta<strong>dos</strong> do estudo de valoração contingencial indicaram que a DDP pública paraevitar <strong>da</strong>nos à KCZ, no valor de A$ 435 milhões, excedia substancialmente o valor presente líquido <strong>da</strong> minaproposta, estimado em A$ 102 milhões. O valor total <strong>da</strong> disposição de evitar <strong>da</strong>nos de mineração foi obtidomultiplicando a DDP mediana para evitar o cenário de impacto mínimo (A$ 80 por domicílio pesquisado) pelonúmero total de domicílios na Austrália.Com base no relatório <strong>da</strong> RAC, em 1990, o governo australiano decidiu não emitir a autorização de exploraçãopara a área <strong>da</strong> KCZ. É interessante notar que os resulta<strong>dos</strong> do estudo de VC não foram incluí<strong>dos</strong> no relatóriofinal <strong>da</strong> RAC, talvez devido à incerteza (na época) quanto à vali<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> méto<strong>dos</strong> de valoração não mercadológicos.Não obstante, esse exemplo demonstra o potencial <strong>da</strong>s técnicas de valoração econômica paraestimar o valor <strong>dos</strong> serviços ecossistêmicos em um contexto de avaliação de projeto e salienta o fato de quevalores intangíveis são, até certo ponto, mensuráveis. Uma abor<strong>da</strong>gem desse tipo pode aju<strong>da</strong>r as empresasa estabelecer os custos potenciais <strong>dos</strong> <strong>da</strong>nos associa<strong>dos</strong> a seus investimentos. Os planejadores de projetostambém podem usar técnicas semelhantes para identificar configurações e méto<strong>dos</strong> que tenham o menorimpacto possível sobre valores ecossistêmicos intangíveis.Fonte: Carson (1994)C a p í t u l o 3 ∙ pá g i n a 1 0 9

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