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REVISTA_DO_INSTITUTO_GEOGRAFICO_E_HISTOR

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gotos nem canais de escoamento, mas em contrapartida (sic) semeadas<br />

de charcos estagnados e fétidos”. (ENGELS, 1985, p. 38)<br />

Em seu escrito, verifica-se a existência de cidades insalubre,<br />

com uma relação social individualista e condição de vida deplorável,<br />

em função de uma desagregação social, onde “[...] cada um tem seu<br />

principio de vida próprio e um objetivo particular, numa atomização do<br />

mundo levada ao extremo”, (ENGELS, 1985, p. 37) resultado de uma<br />

explosão demográfica fortemente vinculada à Revolução Industrial que<br />

conduziu a incerteza e a desestabilização urbana, tendo em vista a rápida<br />

migração populacional em direção às cidades.<br />

Observando ainda a situação da cidade de Salvador-BA, encontramos<br />

nos escritos de Marocci (2011, p. 100) uma condição sanitária<br />

que não se diferia daquela exposta por Engels, na Inglaterra. Segundo<br />

ela, quando a corte chegou à Bahia em 1808,<br />

Após os primeiros arroubos da euforia pela acolhida,<br />

a dura realidade do dia a dia de Salvador:<br />

o mau cheiro proveniente dos esgotos a céu<br />

aberto, das fezes lançadas nas ruas ainda sem<br />

calçamento decente, o lixo, os porcos e outros<br />

animais disputando com as pessoas o espaço<br />

das ruas, o barulho das lojas, a disputa dos vendedores<br />

ambulantes, a quantidade impressionante<br />

de negros. Às vezes os reinóis ficavam<br />

confusos em saber de que lado do Atlântico afinal<br />

estavam [...]. (MAROCCI, 2011, p. 100).<br />

Com isso pode se inferir que a cidade ainda apresentava condição<br />

sanitária, e quiçá hídrica, de incipiente salubridade como salientado<br />

por Pinheiro (2011) ao relatar as intervenções urbanísticas modernizadoras<br />

na Freguesia da Sé no século XIX. Corroborando com o relatado<br />

por Marocci, Pinheiro ainda enfatiza a necessidade de ações públicas<br />

sanitárias meio século após aquelas descritas por Marocci, em que a<br />

falta de higiene e amontoamento da população não são compatíveis<br />

com a cidade que a elite quer construir. A Cidade Alta, o centro, precisa<br />

modificar-se, modernizar-se e transformar-se no centro de uma cidade<br />

limpa, moderna, civilizada, “branca” (PINHEIRO, 2011, p. 138).<br />

Rev. IGHB, Salvador, v. 108, p. 121/163, jan./dez. 2013 | 129

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