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REVISTA_DO_INSTITUTO_GEOGRAFICO_E_HISTOR

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trabalho sobre os quitutes trazidos pelos negros<br />

para a Bahia. E em apenas três dias de prazo,<br />

o Opó Afonjá pôde oferecer aos congressistas<br />

uma das mais belas noites que há memória nos<br />

fastos candomblés da Bahia. Posso dizer o mesmo<br />

do seu apoio à União das Seitas Afro-Brasileiras,<br />

fundada em 3 de agosto de 1937, com<br />

o fim especial de defender a liberdade religiosa<br />

sempre periclitante nos candomblés da Bahia 27 .<br />

Quanto à festa do Opó Afonjá, por ocasião do II Congresso Afro-<br />

Brasileiro, foi assim noticiada no Estado da Bahia, de 14 de janeiro:<br />

Tiveram grande brilhantismo as festas de ontem<br />

do II Congresso Afro-Brasileiro. À noite,<br />

os congressistas em Marinetti especial, foram<br />

visitar o Centro Cruz Santa do Axé do Opó<br />

Afonjá, de D. Aninha, em São Gonçalo do Retiro.<br />

Ali os esperava uma festa especialmente<br />

preparada para os congressistas. Todo o terreiro<br />

estava aberto à visita dos congressistas. A festa<br />

do Opó Afonjá encantou sobremaneira os congressistas<br />

28 .<br />

Aninha cumpriu o prometido a Carneiro e preparou um pequeno<br />

trabalho sobre a culinária africana e entregou aos organizadores do<br />

Congresso, depois do seu final, e por eles incluído como Apêndice, ao<br />

volume O Negro no Brasil 29 , com o título “Nota sobre comestíveis africanos”<br />

e trata-se de uma breve lista de vinte cinco qualidades de comidas,<br />

todas com nomes iorubas, descritas com simplicidade, com breves<br />

referências à forma ou ao ingrediente básico nelas utilizado. Aninha e<br />

Martiniano eram acessíveis aos questionamentos, à curiosidade científica<br />

ou jornalística dos profissionais que os procuravam. Não se negavam<br />

a informar, a comentar ou a discutir, entretanto, guardavam o rigoroso<br />

27<br />

CARNEIRO, Édison. Cartas de Édison Carneiro a Artur Ramos: de 4 de janeiro<br />

de 1936 a 6 de dezembro de 1938. São Paulo: Corrupio, 1987, p. 59<br />

28<br />

Idem<br />

29<br />

CARNEIRO, Édison. O negro no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,<br />

1940.<br />

Rev. IGHB, Salvador, v. 108, p. 55/76, jan./dez. 2013 | 71

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