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REVISTA_DO_INSTITUTO_GEOGRAFICO_E_HISTOR

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Macedo teve “huma irmã mais velha, que á noite me contava historietas<br />

para eu dormir, porque eu era um tanto estropetino, como ella dizia”. 25<br />

Já na Bahia, seu pai era um homem de poucos recursos e isso impediu<br />

o filho de cursar os graus acadêmicos superiores, pois “(...) dinheiro e<br />

honras, que meu pai não teve. Conheci muito disto no Brazil (...) e ainda<br />

que fossem para lá vender cachaça descalços em huma taberna, quando<br />

casavão roião ás vezes as unhas com fome para mandar os filhos a<br />

Coimbra, e terem hum Doutorsinho, ou hum Fradinho em casa”. 26<br />

O bem informado Alexandre de Mello Moraes afirma que Macedo<br />

“foi caixeiro de uma taberna em S. Gonçalo dos Campos da Cachoeira,<br />

depois donato e por fim ordenou-se frade no convento de S.<br />

Francisco da Bahia, e se tornou por seus talentos um homem notável”. 27<br />

Suas primeiras poesias foram feitas no tempo de estudante, quando os<br />

dava “[...] a uma Brazileirinha (...) muito vaidoza aos doze annos, e<br />

perdida por versos, que a lisongevão”. 28<br />

O próprio Macedo descreve aspectos da sua formação intelectual,<br />

afirmando que “[...] Fui educado por Jesuitas na minha infancia,<br />

percebia aos 18 annos os defeitos de toda a Theologia Ultramontana,<br />

reformei os meus Estudos antes de ser Lente de Letras Sagradas, intendi<br />

(sic) que meus primeiros Mestres não pensavam como eu”. 29 É curioso<br />

Macedo afirmar que foi educado por jesuítas, já que nasceu após a<br />

Congregação haver sido expulsa dos domínios da Coroa de Portugal.<br />

Ele, não obstante, explica isso: “[...] Nós conhecemos na Bahia dois, ou<br />

tres Jesuítas (...) que forão Mestres do Collegio; os quaes sabião latim<br />

muito bem, e Instituições Canonicas (...). Verdade que elles ensinavão a<br />

mocidade bem no Latim, e Ortografia, trivios, Quadrivios, &c.” 30<br />

Macedo afirma que aprendeu a ler com a Deducção Chronologica<br />

e Analítica (1768), obra anti-jesuítica escrita por José de Seabra<br />

25<br />

O Velho Liberal do Douro, n. 33, 1833, p. 311<br />

26<br />

O Velho Liberal do Douro, n. 36, 1833, p. 341.<br />

27<br />

MORAES, Alexandre José Mello. Historia do Brasil-reino e Brasil-imperio. Rio de<br />

Janeiro: Typ. de Pinheiro, 1871. Vol. 1. p. 115.<br />

28<br />

O Velho Liberal do Douro, n. 37, 1834, p. 344.<br />

29<br />

O Velho Liberal do Douro, n. 4, 1833, p. 29.<br />

30<br />

O Velho Liberal do Douro, n.33, 1827, p. 384.<br />

Rev. IGHB, Salvador, v. 108, p. 221/262, jan./dez. 2013 | 231

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