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REVISTA_DO_INSTITUTO_GEOGRAFICO_E_HISTOR

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portância dos mais velhos é fundamental; e o fato de ser letrado em<br />

ioruba, além do português e inglês. Estas qualidades excepcionais levaram<br />

Martiniano a ser idealizado, nos anos 1930, como porta-voz de<br />

autenticidade africana, o que o tornou uma espécie de celebridade entre<br />

os pesquisadores, levando-o a ser o informante mais citado do primeiro<br />

meio século de etnografia sobre o candomblé.<br />

Consultado pelos pesquisadores baianos da época, Martiniano<br />

também foi visitado pelos estudiosos estrangeiros que começaram a<br />

chegar à Bahia nos meados dos anos 1930: Donald Pierson, Roberto<br />

Park. E. Franklin Frazer, Lorenzo Turner, Ruth Landes e Melville<br />

Herkovits, tendo seu retrato pintado pela esposa de Park. No caso de<br />

Landes e Pierson, foi Carneiro quem os levou a conhecer o povo de<br />

santo, e é provável que o mesmo tivesse ocorrido com os outros. Dessa<br />

forma, Carneiro serviu como ponte na criação de laços entre o babalaô<br />

e pesquisadores estrangeiros.<br />

Por volta de 1932, pouco tempo depois de descobrir a obra de<br />

Nina Rodrigues através de Os africanos no Brasil, então recentemente<br />

lançado, Carneiro conheceu o velho babalaô por acaso, durante a cerimônia<br />

no terreiro do Engenho Velho:<br />

Em companhia de Guilherme Dias Gomes, fui<br />

até os candomblés da cidade, entrei em contato<br />

com o mundo religioso do negro na Bahia. Por<br />

sorte, nessa corrida, topamos, no candomblé de<br />

Engenho Velho – um dos mais velhos da Bahia,<br />

um dos melhores do Brasil – com o professor<br />

Martiniano do Bonfim, o mais eficiente dos colaboradores<br />

de Nina Rodrigues, que nos ensinou<br />

a querer, ainda mais do que queríamos, o<br />

velho mestre de medicina legal.<br />

Este primeiro encontro foi marcante na trajetória de Carneiro,<br />

pois em 1933, às vésperas dos seus próprios estudos sobre o candomblé,<br />

o jovem jornalista começou a estudar iorubá com Martiniano.<br />

Martiniano, pelo seu histórico de envolvimento nos primeiros<br />

estudos e sendo respeitado também pelo povo de santo, era um aliado<br />

60 | Rev. IGHB, Salvador, v. 108, p. 55/76, jan./dez. 2013

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