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REVISTA_DO_INSTITUTO_GEOGRAFICO_E_HISTOR

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A atenção por ora se concentra no início da circulação do Grito,<br />

período conturbado, marcado pelas cicatrizes da guerra deixadas na<br />

província, em meio à crise econômica, monetária e ao clima de insegurança<br />

que se estendeu ao Recôncavo e vilas do Sertão (TAVARES,<br />

2003; SOUZA FILHO, 2003). Grassavam as disputas e ressentimentos<br />

entre naturais da terra e portugueses, e mesmo as divisões políticas entre<br />

os patriotas liberais que lutaram lado a lado contra o domínio de<br />

Madeira de Melo turvavam as águas da política baiana, após o golpe<br />

da dissolução da Assembleia Constituinte e consequente outorga da<br />

Constituição de 1824. 3 A partir de então, liberais moderados e os tidos<br />

como “anarquistas” ou “demagogos”, uns e outros amiúde envolvidos<br />

nos círculos maçônicos, tomaram posição quanto à adesão ou não à<br />

ordem imperial centralizadora emanada do Rio de Janeiro. O Levante<br />

dos Periquitos, iniciado a 25 de outubro daquele ano, foi a expressão<br />

entre os militares do descontentamento na Bahia em relação ao regime<br />

de Pedro I (TAVARES, 1990; 2003).<br />

Foi nesse cenário político instável que Vicente Ribeiro Moreira<br />

lançou seu Grito da Razão, defendendo o constitucionalismo e a aliança<br />

com a Corte do Rio de Janeiro, contra a “anarquia” (república?) e<br />

o despotismo (absolutismo). Muito há por se reconstituir sobre a vida<br />

dessa personagem, especialmente quanto às suas ligações políticas e<br />

sociabilidade maçônica. Não obstante dispomos de registros que permitem<br />

reconstituir, em linhas gerais, sua biografia. No Arquivo Histórico<br />

Ultramarino (AHU) constam registros sobre os Ribeiro Moreira, cujos<br />

mais antigos até agora identificados datam de 1794: dois requerimentos<br />

de Vicente Ribeiro Moreira “[...] relativos a uma causa pendente na<br />

Ouvidoria Geral do Cível da comarca da Bahia, entre Jerônimo Moniz<br />

Fiuza Barreto e José Pinheiro da Cunha”. 4 Entre alguns documentos do<br />

3<br />

É conhecida a “mágoa” com a qual a Câmara de Salvador recebeu a notícia da dissolução<br />

(ACCIOLI, 1835). Ressalto que a maçonaria em geral não primava pela homogeneidade,<br />

seja ela espiritual, seja política (MOREL; SOUZA, 2008). Divisões e mesmo<br />

antagonismos eram (e são) recorrentes entre irmãos.<br />

4<br />

AHU, Bahia, Catálogo Eduardo de Castro, III. Docs. 16.025 e 16026. Anais da Biblioteca<br />

Nacional, 1912, vol. 34 (1914). Disponível em: . Acesso em: 06 ago.2013 (registro que ortografia e gramática<br />

das transcrições neste trabalho foram atualizadas). Nada pude reconstituir sobre a<br />

relação dos Ribeiro Moreira com os dois relacionados. Uma pesquisa mais extensa no<br />

Rev. IGHB, Salvador, v. 108, p. 263/287, jan./dez. 2013 | 265

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