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REVISTA_DO_INSTITUTO_GEOGRAFICO_E_HISTOR

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epresentativos das melhores qualidades dos<br />

brasileiros 13 .<br />

Entre os anos de 1935 e 1949, Martiniano deixaria, em forma de<br />

entrevistas dadas, a três pesquisadores americanos, longos depoimentos<br />

sobre sua vida e sua história. O primeiro deles foi documentado por<br />

Donaldo Pierson, da Universidade de Chicago, que conheceu Martiniano,<br />

durante sua estada na Bahia, entre os anos de 1935 a 1937. Pierson<br />

deixou de Martiniano, como de outros líderes de Candomblé, como<br />

Aninha, Bernardino do Bate Folha, uma longa entrevista que fornece<br />

valiosos elementos da história de vida de Martiniano e de sua inserção<br />

na história social da Bahia dos anos 1930 14 .<br />

Num trecho, da entrevista de Martiniano do Bonfim a Donald<br />

Pierson, ele diz:<br />

O nome de minha mãe era Manjegbassa, que<br />

quer dizer ‘Não deixe eu sozinha’. Ela nasceu<br />

depois que a mãe tinha perdido os dois primeiros<br />

filhos. Tinha uma cicatriz no rosto pra mostrar<br />

que era iorubá, porque todos os iorubás,<br />

homem e mulher, tem que ter essa marca. Ela<br />

casou com meu pai no Brasil e quando eu nasci<br />

eles me chamaram de Ojeladê 15 .<br />

Martiniano ainda disse que sua mãe era ijexá e tinha as marcas<br />

da nação no rosto. Marcas que distinguiam os vários grupos étnicos que<br />

formavam a antiga nação iorubá. Alguns autores sugerem que Olejadê,<br />

seja um título de oiê que Martiniano recebera no culto dos eguns da ilha<br />

de Itaparica, onde ele era reverenciado pelos velhos ojés e titulares do<br />

culto. Na verdade, Ojeladê era o próprio nome ioruba de Martiniano.<br />

Provém este nome do título sacerdotal de Ojé, do culto dos eguns, se-<br />

13<br />

AMA<strong>DO</strong>, Jorge. Elogio de um chefe de seita. In: O negro no Brasil. Rio de Janeiro:<br />

civilização Brasileira, 1940, p. 326.<br />

14<br />

CARNEIRO, Édison. Cartas de Édison Carneiro a Artur Ramos: de 4 de janeiro de<br />

1936 a 6 de dezembro de 1938. São Paulo: Corrupio, 1987, p. 49.<br />

15<br />

PIERSON, Donald. Brancos e Pretos na Bahia. São Paulo: Companhia das Letras,<br />

1945, p. 247.<br />

Rev. IGHB, Salvador, v. 108, p. 55/76, jan./dez. 2013 | 65

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