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O farmacêutico na assistência<br />
farmacêutica do SUS: diretrizes para ação<br />
CAPÍTULO 4<br />
Gestão da assistência farmacêutica no SUS: uma abordagem<br />
estratégica e orientada para resultados<br />
A dinâmica das mudanças tecnológicas é intensa e, ao contrário de outras<br />
áreas, no setor saúde essas mudanças ocasionam aumento dos custos. As escolhas<br />
feitas pelos profissionais de saúde, em relação às condutas e ao uso dos recursos<br />
de apoio diagnóstico e terapêuticos, por exemplo, são autônomas e difusas.<br />
De maneira inversa, a governança dos gestores é restrita e limitada. Tem-se, então,<br />
uma conjuntura sujeita a manipulações pelos agentes do mercado, conforme seus<br />
próprios interesses. Por isso, é possível inferir que, nem sempre, as escolhas e<br />
condutas são as mais custo-efetivas, pois podem não estar correlacionadas com<br />
a real necessidade sanitária dos usuários, ou com a melhor opção científica, nem<br />
com o interesse público.<br />
Por outro lado, há aspectos individuais que precisam ser considerados e<br />
respeitados, seja pela variabilidade biológica dos usuários e/ou pela diversidade<br />
dos recursos e estrutura existentes para o manejo clínico de cada situação. Nesse<br />
sentido, até certo ponto, cada problema é único e, mesmo alguns casos aparentemente<br />
simples, pode representar situações de risco. Por isso, justamente, os<br />
serviços de saúde precisam de normas e protocolos, mas, ao mesmo tempo, não<br />
podem ficar formalizados demais. Os profissionais que executam os serviços precisam<br />
seguir os procedimentos planejados para o coletivo, mas também precisam<br />
de autonomia para as situações de exceção à regra, atendendo as necessidades<br />
específicas e individuais que muitos casos requerem.<br />
Acrescente-se a isso os grandes desafios constitucionais da busca pela universalidade<br />
e integralidade na atenção, num contexto de insuficiência dos recursos<br />
financeiros disponibilizados para seu financiamento. No caminho dos gestores<br />
e gerentes das organizações do SUS, nas três esferas, existem desafios permanentes<br />
e diários, representados por um grande rol de exigências e amarras legais e burocráticas,<br />
inerentes à administração pública, que visam proteger o erário público,<br />
mas que também comprometem, significativamente, a celeridade e o princípio da<br />
eficiência. Isso tudo no contexto de um Sistema que é “Único” em sua concepção,<br />
mas fragmentado em sua coordenação e operacionalização, devido ao arranjo federativo<br />
brasileiro e às dezenas de milhares de gestores, gerentes e pontos de<br />
atenção.<br />
Além do grande desafio de ampliar, expressivamente, os recursos destinados<br />
ao financiamento do SUS – que tem sido objeto de mobilização nacional de gestores,<br />
entidades e instituições –, também é importante que se considere a importância<br />
da melhoria na eficiência da aplicação desses limitados recursos. Com essa<br />
preocupação, diversos autores afirmam, por meio de estudos avaliativos, que somente<br />
o aumento dos recursos financeiros destinados ao SUS – isolado de melhorias<br />
na eficiência gestora – não garantem, por si, nem a ampliação nem a melhoria<br />
da qualidade dos serviços ofertados. Concluem, esses estudiosos, que um maior<br />
volume de recursos administrados ou utilizados de maneira ineficiente resultaria<br />
no aumento dos custos para o sistema, sem a correspondente melhoria do impac-<br />
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