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CAPÍTULO 8<br />
Pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos e a regulação do<br />
mercado em saúde no Brasil: desafios para a garantia do acesso<br />
O farmacêutico na assistência<br />
farmacêutica do SUS: diretrizes para ação<br />
Pesquisa e desenvolvimento de novos<br />
fármacos e a regulação do mercado em saúde<br />
no Brasil: desafios para a garantia do acesso<br />
Silvio César Machado-dos-Santos<br />
Renata Cristina Rezende Macedo do Nascimento<br />
O mercado farmacêutico possui algumas peculiaridades que representam<br />
importantes desafios ao equilíbrio entre a oferta e a demanda e, consequentemente,<br />
à garantia de preços acessíveis para consumidores e gestores públicos.<br />
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1997) destaca os seguintes fatores, que<br />
incidem sobre o mercado farmacêutico, tornando-o ainda mais desafiador:<br />
• Assimetria de informação - o paciente, normalmente, sabe menos do<br />
que o médico ou o farmacêutico/dispensador sobre a eficácia, a qualidade<br />
e a segurança dos fármacos. Isso pode resultar no uso inapropriado<br />
desta tecnologia em saúde. Para que os mercados funcionem corretamente,<br />
compradores e vendedores devem ter informações adequadas e<br />
completas.<br />
• A falta de competição - no campo farmacêutico há grandes monopólios,<br />
sendo a produção de vários itens concentrada em um pequeno número<br />
de fabricantes/fornecedores. Além disso, a proteção aos direitos de propriedade<br />
industrial, especialmente patentes e marcas, gera exclusividade<br />
e, consequentemente, poder de mercado.<br />
• Externalidades (Spillover) - o emprego de tecnologias em saúde pode<br />
beneficiar não somente a pessoa que as utiliza, mas outros, cujo risco de<br />
doença é reduzido em decorrência do uso desta tecnologia. São exemplos:<br />
a imunização; o tratamento da tuberculose e das doenças sexualmente<br />
transmissíveis; ou, ainda, aquelas situações onde os mecanismos<br />
de mercado não sejam suficientes para que haja Pesquisa e Desenvolvimento<br />
(P&D), e disponibilização de determinados medicamentos, como<br />
no caso das doenças negligenciadas. Tais serviços, com grandes benefícios<br />
para a saúde pública e para a sociedade, não podem ser deixados ao<br />
mercado e justificam o financiamento público.<br />
A análise histórica do mercado farmacêutico, no Brasil, possibilita identificar<br />
que esse campo pouco evoluiu ao longo das últimas décadas, sendo dominado<br />
por empresas transnacionais. Características da indústria farmacêutica nacional,<br />
apontadas por Bermudez (1995), continuam atuais: alta dependência na importa-<br />
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