15.09.2015 Views

livro

livro

livro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O farmacêutico na assistência<br />

farmacêutica do SUS: diretrizes para ação<br />

CAPÍTULO 6<br />

Acesso aos medicamentos no SUS<br />

• Supõe-se que os consumidores tenham conhecimento de mercado em<br />

geral e que suas escolhas sejam autônomas. No caso da saúde, essas hipóteses<br />

são bem mais limitadas, pois são os profissionais (principalmente,<br />

os médicos) que decidem o tipo de tratamento e demais intervenções<br />

necessárias;<br />

• O risco é um elemento sempre presente, porque os efeitos adversos da<br />

tecnologia médica afetam a concepção, o nascimento e a vida, o corpo<br />

e a mente. Durante a fase de desenvolvimento de novas tecnologias, os<br />

benefícios ou riscos são altamente incertos, motivo pelo qual as novas<br />

tecnologias são, em geral, refinadas após avaliações clínicas;<br />

• O consumidor, muitas vezes, não pode julgar as prováveis ​consequências<br />

da não obtenção de um produto prescrito ou da interrupção de um tratamento.<br />

O acesso a medicamentos é componente essencial de toda política farmacêutica<br />

e, por extensão, é um dos pilares das políticas públicas de saúde.<br />

Na maioria dos países em desenvolvimento, os gastos governamentais com<br />

medicamentos correspondem a segunda maior despesa em saúde, ficando<br />

atrás apenas dos gastos com recursos humanos. Considerando-se a natureza<br />

deste gasto principal, pode-se afirmar que os gastos com medicamentos representam<br />

os maiores sobre os quais o Estado tem controle discricionário. Esse<br />

fato corrobora para a vulnerabilidade do acesso aos medicamentos, que estão,<br />

particularmente, sujeitos à disponibilidade de financiamento público, a diversas<br />

pressões políticas e econômicas, como a inflação e as flutuações cambiais<br />

(WHO, 2006; MSH, 2012).<br />

Os desafios para garantir o acesso aos medicamentos são crescentes e complexos,<br />

incluindo os reduzidos níveis de cobertura, a fragilidade financeira dos sistemas<br />

de saúde, as limitações das redes de distribuição de medicamentos e os<br />

problemas gerais de acesso aos serviços de assistência à saúde por grande parte<br />

da população dos países latino-americanos (WHO, 2004).<br />

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), nos países<br />

em desenvolvimento, o gasto com medicamentos varia entre 24% a 65% dos recursos<br />

investidos em saúde. Mesmo assim, cerca de dois bilhões de pessoas - um<br />

terço da população mundial - ainda não tem acesso a medicamentos essenciais<br />

(WHO, 2004; GARCIA et al., 2013).<br />

No Brasil, a análise dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF),<br />

nos períodos 2002-2003 e 2008-2009, possibilitou verificar que os gastos com medicamentos<br />

e planos de saúde representam a principal parcela dos gastos em saúde<br />

pela população brasileira, em todas as unidades da federação, correspondendo<br />

a cerca de 60% do total no Brasil. Destaca-se que houve um discreto aumento<br />

no percentual do gasto com medicamentos, em relação ao gasto com saúde, de<br />

164

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!