livro
livro
livro
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O farmacêutico na assistência<br />
farmacêutica do SUS: diretrizes para ação<br />
CAPÍTULO 2<br />
Estruturação da assistência farmacêutica<br />
de forma geral. E assim, ao longo do tempo, se consolidou o papel da assistência<br />
farmacêutica – e, cada vez mais, do próprio farmacêutico – como responsável pelos<br />
medicamentos.<br />
A consolidação dessas atividades, especialmente como serviços farmacêuticos,<br />
foi extremamente importante para o desenvolvimento da assistência farmacêutica<br />
no país. Mais recentemente, Barreto e Guimarães (2010) voltaram a discutir<br />
a gestão da assistência farmacêutica, argumentando que essa área enfrenta<br />
desafios que não podem ser enfrentados apenas com aplicação de ciências farmacêuticas:<br />
além da técnica, a gestão exige habilidades e ações políticas e sociais,<br />
ainda pouco desenvolvidas teórica e sistematicamente pela área.<br />
Algumas condições que favorecem a estruturação da gestão da assistência<br />
farmacêutica são citadas nas Diretrizes para Estruturação de Farmácias no Âmbito<br />
do SUS (BRASIL, 2009a) e por Barreto e Guimarães (2010). Uma delas, muitas vezes<br />
pouco valorizada, é a condição de existência da coordenação/direção/divisão<br />
de assistência farmacêutica na instituição. A formalização do cargo ou da função<br />
é exemplo de que a gestão precisa de condições de estabilidade, reconhecimento<br />
formal e institucional, e legitimidade para tomar decisões, propor políticas e atuar<br />
de forma decisiva, com autonomia.<br />
Ainda que o número de farmacêuticos atuando na saúde pública tenha<br />
crescido de forma significativa e que, hoje, a maior parte dos municípios já<br />
contem com farmacêuticos em seus quadros profissionais, Veber e colaboradores<br />
(2011) identificaram importantes fragilidades na estruturação dos<br />
serviços de assistência farmacêutica, tais como a baixa atuação de farmacêuticos<br />
na dispensação de medicamentos; a incipiente existência e atuação<br />
de Comissões de Farmácia e Terapêutica; e o fato de que o capítulo da assistência<br />
farmacêutica nos planos municipais não reflete um processo real de<br />
planejamento e execução das ações.<br />
Vieira (2008) apontou, com base nos dados coletados a partir dos relatórios<br />
de fiscalização de municípios, elaborados pela Controladoria Geral da União<br />
(CGU), que 90,3% dos municípios, que tiveram seus dados analisados, apresentaram<br />
problemas na gestão dos recursos ou serviços da assistência farmacêutica.<br />
A mesma autora constatou, frente à análise dos dados, que 71% dos municípios<br />
apresentaram falta ou deficiência de controle de estoque, em 39% foram encontradas<br />
condições inadequadas de armazenamento, e 24% apresentaram problemas<br />
relacionados à falta de medicamentos.<br />
Nesse contexto, entende-se que o farmacêutico precisa reconhecer e utilizar<br />
todos os recursos materiais e imateriais disponíveis no setor público. Muitas<br />
oportunidades foram criadas e ampliadas, muitos avanços ocorreram nos anos<br />
recentes e precisam ser aplicados plenamente para a estruturação e consolidação<br />
da assistência farmacêutica no SUS.<br />
52