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Baixar - Brasiliana USP

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gibeiras do seu rodaque.— Sabes ?<br />

disse assim que chegou perto d'ella<br />

— Vamos a Europa.<br />

— Heim?! perguntou a rapariga<br />

arregaçando os lábios e franzindo o<br />

bello narizinho.<br />

— Sim... respondeu o pae. O Dr.<br />

Roberto acha que devemos fazer uma<br />

viagem...<br />

— Ahi está porque eu não queria<br />

visitas de medico ! exclamou ella.<br />

—Eu não saio do Rio de Janeiro. Logo<br />

vi que appareceria alguma contrariedade!...<br />

— Bem, minha filha, não fallemos<br />

mais n'isso ! elle, coitado! se recommenda<br />

uma viagem, é porque acha<br />

que isso te fará bem. Ora! também<br />

estás agora com umas exquisitices<br />

que...<br />

— Não se podem aturar! Não é isso<br />

o que o senhor quer dizer, meu pae ?!<br />

— Não senhora, não é isso! Nem<br />

admitto que estejas agora aqui a<br />

imaginar tolices. Não queres fazer a<br />

viagem," pois não a faremos. E o<br />

mesmo succederá com os banhos, os<br />

passeios e as distracções ?<br />

No dia seguinte o velho fallou em<br />

três mezes de Petropolis. Estava ahi<br />

o verão e não havia necessidade de<br />

supportar o calor da corte.<br />

— Não quero ir, respondeu laconicamente<br />

a filha. E não se fallou<br />

mais n'isso.<br />

Foram depois lembrados outros<br />

passeios, mas Olympia recusou-os<br />

igualmente.<br />

— Para onde então queres ir? Perguntou<br />

o velho, lembrando-se da<br />

recommendação que lhe fizera o medico<br />

de não a contrariar.<br />

— Não sei, disse ella, sacudindo<br />

os hombros.—Podemos passeiar todos<br />

os dias de manhã aqui mesmo pela<br />

MYSTERIO DA TIJUCA 103<br />

corte. Iremos hoje a um arrabalde,<br />

amanhã a outro. Quantos, aos taes<br />

banhos, não !deixemo-nos de banhos<br />

de mar !<br />

No dia seguinte o velho arranjou<br />

uma sege de virne, própria para os<br />

passeios campestres. Os dois sahiriam<br />

n'ella de casa e quando estivessem<br />

em pleno campo, saltariam a andar<br />

de pé por entre a vegetação. Olympiu<br />

não podia supportar o bond e tomara<br />

medo de montar a cavallo desde que<br />

se sentia incommodada dos nervos.<br />

Uma vez passeiavam pelo Rio<br />

Comprido. O carro ficara com o cocheiro<br />

a espera no caminho da Tijuca.<br />

Olympia, pelo braço do pae, CÍminhava<br />

vagarosamente, entretida a<br />

olhar para os objectos que a cercavam.<br />

Em certa altura parou, impressionada<br />

por um canto monótono, que<br />

lhe chegava aos ouvidos de um modo<br />

estranho.<br />

— Que é isto ?! perguntou ao pai.<br />

— Devem ser os trabalhadores de<br />

alguma pedreira, que fica perto. Eu<br />

conheço esta toada. E' assim queelles<br />

fazem quandoestãobrocandoapedra,<br />

para introduzir a pólvora e lançar-lhe<br />

fogo.<br />

— Ah! Disse Olympia muito interessada.—E<br />

onde é a pedreira?<br />

— Não sei, mas naturalmente para<br />

este lado. E' d'aqui que vem o canto-<br />

E o velho apontou para a sua direita.<br />

— Vamos lá! Disse Olympia. O<br />

pae não se animou a contrarial-a e<br />

continuou a caminhar, na direcção<br />

do canto dos trabalhadores.<br />

Effectivamente os dous, depois de<br />

caminhar por algum tempo, acharam-se<br />

á fralda de uma pedreira, que<br />

fica situada nos fundos da Avenida<br />

Estrella.

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