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Baixar - Brasiliana USP

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pessoa. Mas nada vinha ao seu auxilio.<br />

A floresta continuava a sussurrar<br />

indifferentemente.<br />

Assim se escoaram duas horas.<br />

Olympia afinal declarou que não<br />

podia dar mais um passo sem ter<br />

descansado. Gregorio conduziu-a<br />

para debaixo de uma arvore e fel-a<br />

repousar. Depois abriu osacco de Augusto,<br />

tirou una garrafa de vinho, encheu<br />

um copo e passou-o a Olympia.<br />

— Temos aqui também o que comer,<br />

disse elle apresentando uma<br />

empada, queijo e fructas. Olympia<br />

aceitou sem responder. Gregorio foi<br />

buscar duas palmas largas de pindoba,<br />

estendeu-as defronte da rapariga<br />

e assentcru-se ao seu lado.<br />

Começaram a comer silenciosamente.<br />

Ella «parecia muito preoccupada;<br />

percebia-se que a difficuldade<br />

de achar o caminho não era a causa<br />

principal de seu máo humor. Gregorio<br />

sentia-se constrangido com aquella<br />

situação, aponto de não encontrar<br />

o que dizer.<br />

Nunca a influencia amorosa, que<br />

Olympia exercicia sobre elle, o perturbara<br />

tanto, e nunca elle se achou<br />

tão ridículo, tão detestável como<br />

n'aquella occasião.<br />

XLI V<br />

SCOTT<br />

Depois da refeição, Gregorio convidou<br />

Olympia a proseguirem a jornada.<br />

— Estou tão abatida! disse ella,<br />

erguendo custosamente as palpebras<br />

e estendendo o braço ao moço, para<br />

que a levantasse.<br />

— Sente-se incommodada? Perguntou<br />

Gregorio com solicitude, segurando-lhe<br />

a mão.<br />

MYSTERIO DA TIJUCA 119<br />

— Ai! disse ella suspirando e pondo-se<br />

afinal de pé. Mas Gregorio teve<br />

de amparal-a, porque Olympia fechou<br />

os olhos e cambaleou levemente.<br />

— Que sente? interrogou elle, empolgando-lhe<br />

a cintura. Olympia não<br />

respondeu e deixou-se cahir no collo<br />

do rapaz. Vieram logo os soluços e<br />

os suspiros estalados na garganta.<br />

Gregorio, na candura de seus dezeseis<br />

annos e na predisposição lyrica<br />

de seu espirito, não podia julgar<br />

physiologicamente o valor d'aque]Ia<br />

crise. Todos os factos da vida real e<br />

todos os phenomenos daorganisação<br />

humana tinham para elle uma explicação<br />

romântica. Mal educado pela<br />

metaphysica do collegio em que se<br />

desenvolveu .e dominado pela corrente<br />

de sentimentalismo da epocha<br />

em que veio ao mundo, repugnavam-lhe<br />

as frias verdades que nos<br />

dirigem e as calmas leis que regulam<br />

nossos actos.<br />

Para elle, Olympia, com o seu caracter<br />

caprichoso, que se possuía tão<br />

depressa dos arrebamentos da leoa,<br />

como das ternuras gemidas da rolinha,<br />

não podia deixar de ser um<br />

mytho prenhe de sympathias e attracção.<br />

Gregorio não tinha uma opinião<br />

segura sobre ella, aspirava-lhe<br />

o perfume através do véo nebuloso<br />

que a envolvia, aceitando-a na sua<br />

adoração, como o crente aceita Deus,<br />

sem o comprehender e sem ousar<br />

interrogal-o.<br />

As vezes vinham-lhe ímpetos de<br />

cahir-lhe aos pés e confessar-lhe<br />

tudo o que soffria a pensar n'aquelle<br />

amor ; pungia-lhe a necessidade de<br />

dizer-lhe que a amava com todo o transporte<br />

do primeiro desejo, que a via<br />

em todos os seus sonhos equeasentia<br />

por todas as veredas de sua alma.

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