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Baixar - Brasiliana USP

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Prova, pelo menos, que Gregorio<br />

era tão familiar da criada, quanto o<br />

era de Neptuno, e por conseguinte<br />

que aquella visita poderia ter todos<br />

os méritos que lhe quizessem dar,<br />

menos o da novidade.<br />

— Sahio, respondeu a criada, abaixando<br />

o rosto.<br />

O moço não disse cousa alguma,<br />

mas ficou a sacudir a perna, apoiado<br />

na bengala.<br />

Depois principiou aassoviar, como<br />

se esperasse alguém.<br />

A criada, com o rosto mettido entre<br />

dous varões da grade, que ella<br />

segurava com ambas as mãos, esperava<br />

que elle resolvesse qualquer<br />

cousa, com o ar de quem não espera<br />

cousa alguma.<br />

— Então sahio, heim ?... Insistio<br />

Gregorio, interrompendo o assovio, e<br />

bamboleando a perna com mais força.<br />

— E', disse a criada, bocejando.<br />

E os dous ficaram calados por algum<br />

tempo; afinal Gregorio mostrou<br />

tomar uma resolução e accrescentou:<br />

— Ora vá dizer-lhe que eu bem<br />

sei que ella está em casa...<br />

— Minh'ama sahio ! Sustentou a<br />

criada a rir-se.<br />

— Homem, faça o que lhe digo!<br />

— Gentes! Ella não está !..<br />

— Você então não quenr?! Bem...<br />

E Gregorio fez o movimento de<br />

quem se afasta, levando uma intenção<br />

de vingança.<br />

Eu vou ver! Exclamou a criada,<br />

largando os varões do portão.<br />

Gregorio voltou logo,como se fosse<br />

puxado por todo o corpo.<br />

A criada desappareceu nas sombras<br />

duvidosas do jardim, e pouco depois,<br />

ouvio-se o som de uma voz de mulher<br />

que parecia ralhar dentro do chalet.<br />

MYSTERIO DA TIJUCA 27<br />

Gregorio sorrio sosinho e retomou<br />

o fio da musica que assoviava.<br />

Quando havia gasta já uns dois<br />

minutos de assovio, abrio-se uma<br />

das janellas do chalet e desenhou-se<br />

contra a luz da sala a figura sympathica<br />

da viuva.<br />

— Já voltou ? ! Disse Gregorio,<br />

transpondo o portão, e indo postar-se<br />

debaixo da janella.<br />

— Você não disse que não voltav><br />

mais aqui ?! Perguntou a outra por<br />

sua vez.<br />

E como Gregorio não respondesse<br />

— Tambcm, olhe que ninguém o iria<br />

buscar !...<br />

— Isso sei eu 1... Observou o rapaz,<br />

armando um gesto de quem medita.<br />

E accrescentou depois.—Bem<br />

tolo seria si acreditasse em amores...<br />

de viuva.<br />

— N'essecaso, porque voltou?!<br />

— Voltei... nem eu sei porque!...<br />

Antes não tivesse vindo !...<br />

— Pois olhe, ainda está em tempo !<br />

— Tem razão ! Respondeu Gregorio.—Eu<br />

devo ir ! Boa noite.<br />

— Não vê que era capaz!...<br />

— Você duvida? ! Interrogou Gregorio,<br />

como quem diz cousa muito<br />

seria.<br />

— Duvidava! Respondeu a viuva.<br />

Gregorio deu uma volta sobre os<br />

calcanhares e encaminhou-se para o<br />

portão, sem dizer palavra.<br />

— Nhonhô! Gritou a viuva, quando<br />

elle já transpunha a sabida.<br />

— Que é? Perguntou elle, voltando-se<br />

com indifferença.<br />

— Venha cá.<br />

— Que deseja?<br />

— Entre.<br />

— Para que ?<br />

A viuva fez um movimento de<br />

hombros e foi abrir a porta da sala.

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