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Baixar - Brasiliana USP

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198 MYSTERIO DA TIJUCA<br />

gorio na sala de visitas. Jacob acabava<br />

de accender o gaz.<br />

Depois dos comprimentos, o commendador,<br />

que vinha ainda impressionado<br />

pelas palavras da filha, principiou<br />

logo a fallar sobre o projecto<br />

de viagem.<br />

— Ah ! D. Olympia quer viajar ?!<br />

perguntou Gregorio.<br />

— Quer; e é sangria desatada.<br />

Quer se metter no primeiro vapor<br />

que sahir!<br />

— E a causa d'essa resolução?<br />

— Ora ! a causa ! Nervos ! Tudo<br />

aquillo são os nervos que estão trabalhando.<br />

Eu só peço a Deus que me<br />

dê paciência, ao menos até vêl-a<br />

completamente restabelecida.<br />

E o paciente velho, depois de dar<br />

uma volta na sala, accrescentou com<br />

um gesto de contrariedade—E logo<br />

agora é que não está ahi o Dr. Roberto.<br />

Ao menos se o Dermeval apparecesse!...<br />

— O commendador o que resolveu ?<br />

— Eu, já se sabe, faço-lhe a vontade.<br />

O doutor disse que não a contrariasse<br />

!...<br />

— Então sempre seguem no primeiro<br />

vapor?<br />

— Não sei se no primeiro, mas se<br />

Olympia não mudar de resolução,<br />

iremos quanto antes. E' o diabo, por<br />

que eu até precisava estar aqui poreste<br />

tempo á testa de umas tantas<br />

cousas ; além de que muito me custa<br />

deixar a casa assim ao desamparo,<br />

como ella está desde que Olympia<br />

cahiu doente.<br />

Gregorio ficou a pensar.<br />

— Homem, o senhor é que podia<br />

vir comnosco, caso fizéssemos a tal<br />

viagem! lembrou o commendador.<br />

— Eu?! disse o rapaz — é impossível<br />

! Posso lá viajar !<br />

— Não! isso até lhe seria muito<br />

conveniente! O senhor está em uma<br />

excellenteidadedeviajarpelaEuropa.<br />

E para não ir com as mãos abanando<br />

eu o encarregava de minha correspondência.<br />

Era assim uma espécie de<br />

secretario. Então? Que tal lhe parece<br />

a idéa ?<br />

— Não, não é possível, respondeu<br />

Gregorio, perturbado.—Tenho muito<br />

desejo de visitar a Europa, mas não<br />

n'essas condições.<br />

— E' que o senhor nunca encontrará<br />

uma occasião melhor.<br />

— Sim, mas...<br />

— O senhor não tem aqui família,<br />

que o prenda; seu emprego não depende<br />

do governo; o que, pois, o poderia<br />

impedir de fazvir-nos companhia?<br />

— Não ha duvida, balbuciava Gregorio,<br />

sem animo de resistir—mas<br />

é que não sei se farei bem aceitando<br />

o seu convite...<br />

— Ora, deixe-se de historias, Gregorio.<br />

Eu conto com o senhor ! Não<br />

me diga que não !<br />

— Mas...<br />

— Não admitto razões ! Sei que<br />

será para seu bem 1<br />

— Ora esta ! ... disse comsigo<br />

Gregorio, logo que o commendador<br />

se afastou.<br />

— Isto não é o demônio? Pois eu -<br />

a fugir do perigo, e o próprio pae a<br />

empurrar-me cada vez mais para o<br />

lado da filha !...<br />

E, tendo reflectido por alguns instantes,<br />

resolveu deixar que as cousas<br />

corressem á vontade.<br />

— Vou ! concluiu elle — aconteça<br />

o que acontecer ! Aquella mulher<br />

não me tornará a chamar idiota.<br />

Mas d'ahi a pouco, quando se servia<br />

o chá, o commendador disse á

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