Baixar - Brasiliana USP
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188 MYSTER10 DA TIJUCA<br />
casando-se com uma rapariga de<br />
bons recursos, que encontrou em<br />
casa de D. Januaria, quando ahi foi<br />
visitar a afilhada, pela primeira vez,<br />
depois de sua volta.<br />
Para esse projecto de casamento é<br />
que o commendador se tornava verdadeiramente<br />
perigoso, porque- Portella<br />
na obrigação que assignou,<br />
compromettia-se, sob palavra de<br />
honra encarregar-se de tomar conta<br />
de Thereza e casar-se com ella, logo<br />
que o marido fallecesse.<br />
Ora, incontestavelmente havia em<br />
tudo isto uma grande dose de tolice.<br />
Não sa poderia obrigar um homem a<br />
casar, assim sem mais nem menos,<br />
só porque, em cer.ta epocha, declarou<br />
por escripto que o faria. Mas o facto<br />
é que sua assignatura lá estava,<br />
naturalmente reconhecida já por<br />
algum tabellião; e, se o maldito papel<br />
apparecesse pela morte do commendador,<br />
ligado ao importante testamento<br />
d'este, podia, quando não<br />
violental-o aprender-se á pavorosa<br />
Thereza, pelo menos difficultar-lhe a<br />
carreira e chamar sobre elle as suspeitas<br />
e a desconfiança de pessoas,<br />
para quemeonvinhaa Portella passar<br />
por um homem de vidaimmaculada.<br />
— Maldito fosse o momento em<br />
que elle se lembrou de requestar a<br />
mulher do commendador! Antes tivesse<br />
quebrado uma perna na occasião<br />
em que se approximou d'ella<br />
pela primeira vez!<br />
Era o desespero que lhe arrancava<br />
de dentro estas sinceras exclamações<br />
de desgosto.<br />
Em taes circumstancias, visitava<br />
uma occasião D. Januaria, quando<br />
um rapaz magrinho, feio, de vinte e<br />
tantos annos, approximou-sed'elle e<br />
tratou-o pelo nome.<br />
Portella recordava-se de ter visto<br />
já aquella cara, mas não conseguia<br />
determinar onde e quando.<br />
— Não se lembra do João Rosa?<br />
Perguntou-lhe o rapaz. Aquelle que<br />
o senhor, quando estava no armazém,<br />
só chamava o João Cabeça?!...<br />
E riu.<br />
— Ah! Exclamou Portella. — E'<br />
isso mesmo! Ora senhores! Como<br />
você mudou ! Está um homem. Barbado<br />
!...<br />
E depois de medir por algum tempo<br />
a pequena estatura de João Rosa,<br />
perguntou-lhe com amigável interesse—Então<br />
o que se faz agora?<br />
— Continuo lá! disse o outro, armando<br />
uma careta.<br />
— Ainda está lá?! insistiu Portella,<br />
admirado, mas possuído já da<br />
idéa de applicar o João Rosa aos<br />
seus projectos.<br />
— Ainda, resmungou o outro.<br />
— Interessado na casa?<br />
— Qual. Já perdi as esperanças<br />
d'isso. O Figueiredo não me tem<br />
querido proteger. Um moço, que entrou<br />
muito depois de eu lá estar, faz<br />
parte ha um anno da sociedade e eu<br />
ainda continuo como empregado.<br />
— Você casou-se?<br />
— Não. Estou ainda solteiro.<br />
— Ah! quem sabe se você tom<br />
as suas pretenções cá por casa de<br />
D. Januaria !...<br />
— Não. Eu me dou com ella ha<br />
muito tempo, mas não tenho o que<br />
me prenda por cá.<br />
— Pois, seu João Rosa, eu vou estabelecer-me<br />
aqui com uma casa de<br />
vinhos. Tome o cartão.<br />
Passou-lhe um cartão.— Se você<br />
quizer appareça por lá; talvez tenhamos<br />
o que conversar. Olhe,<br />
amanhã á noite, você está occupalo ?