Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
pallidece. Não lhes digo nada! Só<br />
hontem conseguio deixar a cama !<br />
— Sim ?! Perguntou por condescendência<br />
o João Rosa, a quem mais<br />
directamente parecia dirigir-se o<br />
commendador.<br />
— Pois não ! Confirmou o pedante.<br />
Mas o que quer o senhor?!... Nós<br />
todos estamos sobre um grande<br />
pântano ! Sim! O Rio de Janeiro é um<br />
grande pântano ! Não acha doutor?<br />
— Está visto ! Respondeu Roberto.<br />
— Pois bem, quaes são as medidas<br />
empregadas para sanar o mal? Nenhuma!<br />
Projectos não faltam, mas<br />
quanto á realisação... Encarregasseme<br />
eu de providenciar sobre isso, e<br />
viriam os resultados! Havia de arriscar<br />
bom dinheiro, havia I Mas jurolhe<br />
que o trabalho appareceria! Oh !<br />
Nós aqui não temos iniciativa de espécie<br />
alguma! Uma vez, em Pariz,<br />
quando visitei o Thiers, disse-me<br />
elle que o Brazil estava fadado a representar<br />
um papel importantíssimo<br />
nos séculos futuros; eu lhe respondi,<br />
batendo jio _hombro, meu bom Sr.<br />
Thiers, não julgue o Brazil pelos relatórios<br />
offlciaes e pelas descripções<br />
européas. O Brazil...<br />
Mas foi n'isto interrompido por<br />
dois rapazes, que vinham de entrar<br />
na sala.<br />
— Ah! Disse D. Januaria, reconhecendo<br />
um d'elles — sempre veio?<br />
E accrescentou para os outros : — é o<br />
Sr. Duque Estrada, filho de uma das<br />
famílias que me honram com a sua<br />
estima.<br />
— E' parente do senador ?<br />
— Não, senhor, respondeu o rapaz,<br />
não temos parentesco algum.<br />
E chegando-se mais perto da dona<br />
da casa, disse-lhe indicando o companheiro.<br />
Tenho a honra de apresen<br />
MYSTERIO DA TIJUCA 39<br />
tar-lhe o meu distincto amigo Adelino<br />
Fontoura, um bello talento!<br />
— Oh! Disse o Fontoura, vergando-se<br />
reverentemente, dentro de seu<br />
croisé preto.<br />
E depois de uma troca geral de<br />
comprimentos, os dois recem-chegagados<br />
foram collocar-se no vão de<br />
uma janella.<br />
— Muito se parece este rapaz com<br />
o filho de um lord que conheci nos<br />
salões da princeza Rattazi, disse o<br />
commendador, mostrando o Duque<br />
Estrada.<br />
Era este um moço magro, espigado,<br />
barba loura partida no queixo, á parisiense,<br />
vestia-se á moda, mas com<br />
simplicidade e tinha na physionomia<br />
o ar condescendente e attencioso dos<br />
homens educados no seio da família.<br />
O outro era de menos estatura, feições<br />
mais -varonis, mais reforçado de<br />
membros, um pouco áspero de rosto,<br />
cabeça grande, achatada no craneo e<br />
cabellos pretos muito curtos e lustrosos.<br />
— Aquella é que é a tal menina do<br />
casamento ? ! Perguntou Fontoura<br />
discretamente ao companheiro, indicando<br />
Clorinda, que em um dos ângulos<br />
da sala conversava animadamente<br />
com o João Rosa.<br />
— E', respondeu o outro.<br />
— Encantadora ! Accrescentou o<br />
Adelino. — E aquelle exquisitão do<br />
Urbano Duarte havia dito que ella era<br />
feia!...<br />
— Ora!... Desdenhou o Estrada,<br />
que havia chegado o ouvido perto da<br />
bocca do outro: —tu bem sabes quem<br />
é o Urbano para julgar mulheres !<br />
O Augusto Off, por exemplo, juro-te<br />
que é de minha opinião.<br />
— Porém ella está de namoro com<br />
aquelle sujeito ?...