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Baixar - Brasiliana USP

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4fi<br />

quiosa de luxo e atrophiada pela vaidade.<br />

Uma vez collocada no lar, daria<br />

com certeza um bello modelo de virtudes<br />

domesticas e conjugaes.<br />

Afinal pedio-a, e, como D. Januaria<br />

guardasse sobre a procedência da<br />

filha adoptiva um certo sigillo, elle<br />

por seu lado se absteve de indagações,<br />

e guardou para mais tarde qualquer<br />

deslindamento. Sabia, entretanto,<br />

que a noiva não era filha de<br />

D. Januaria e sim de uma senhora<br />

de Pernambuco, cujo nome nunca<br />

lhe disseram.<br />

Ora, o motivo d'aquellas reservas<br />

da velha, já o leitor sabe qual é—nada<br />

mais que a bigamia do Leão Vermelho,<br />

isto é, do pai de Clorinda e de<br />

Gregorio, como bem se vio pelas confidencias<br />

que a este fez o conde no<br />

seu palacete da Tijuca.<br />

Ficou marcado o casamento, e os<br />

noivos pareciam não fazer mais nada<br />

do que esperar o dia feliz de sua<br />

união.<br />

Amavam-se e amavam-se deveras.<br />

Mas, João Rosa não dormia. A<br />

principio lançara mão de meios pequeninos<br />

para afastar Gregorio de<br />

Clorinda ; escrevia cartas anonymas,<br />

mettia em circulação certas noticias<br />

escandalosas, que pudessem provocar<br />

a desconfiança da parte de D. Januaria<br />

e mais tarde da noiva. Mas<br />

nada d'isso produzio effeito.<br />

Os dois moços continuavam a amarse<br />

mutuamente, alheios a tudo que<br />

se agitava em torno d'elles; tinham<br />

os olhos cravados no disco luminoso<br />

de sua felicidade, eo clarão que vinha<br />

d'ahi offuseava-lhes a vista e não<br />

lhes deixava perceber mais nada.<br />

João Rosa estudou com paciência<br />

o talho da lettra do rival, e com tal<br />

geito se houve em falsifical-a, que<br />

MYSTERIO DA TIJUCA<br />

conseguio enganar a própria policia<br />

e, o que é mais extraordinário, a<br />

própria viuva Julia, que se muito<br />

havia já familiarisado com as cartas<br />

de Gregorio.<br />

O leitor deve lembrar-se d'aquell&<br />

carta amorosa, dirigida phantasticamente<br />

por Gregorio á menina do<br />

bandolim, e que mais tarde figurou<br />

nos autos policiaes.<br />

Pois essa carta era produeto d'aquella<br />

espécie.<br />

Gregorio nunca dispensara á menina<br />

do bandolim mais que uma certa<br />

sympathia respeitosa, inspirada pelo<br />

desejo de perseguir o barão, que a<br />

requestava, e talvez um tanto pelo<br />

seu espirito romântico, sempre propenso<br />

a intervir no que tivesse resaibos<br />

de phantasia.<br />

A João Rosa não escaparam as<br />

poucas vezes que elle se encontrara<br />

e conversara com a tal menina, e<br />

procurou tirar d'isso algum partido.<br />

D'ahi a carta. Carta, que nunca chegou<br />

ás mãos da pessoa a quem era<br />

dirigida, mas que foi machiavelicamente<br />

parar em poder do chefe de<br />

policia.<br />

Porém nadad'isso tem valor algum<br />

ao lado do que ainda produzio o espirito<br />

perverso e ambicioso de João<br />

Rosa.<br />

Antes do apparecimento de Gregorio<br />

em casa de D. Januaria, já elle<br />

o conheeia de vista no commercio e<br />

sabia de seus negócios; de sorte que,<br />

começando depois a perseguil-o na<br />

sombra, sabia já o rumo dos passos<br />

do inimigo e fazia com mais segurança<br />

as pontarias de seu ódio.<br />

Porém mesmo assim nada conseguio<br />

; Gregorio parecia protegido por<br />

mão mysteriosa que o afastava de<br />

todos os perigos. N'estas circum-

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