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Baixar - Brasiliana USP

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— Sim, disse ella o examinando,<br />

parece que o reconheço. E' o mesmo<br />

•ou muito parecido com um, que dei<br />

a Gregorio no dia de anno bom.<br />

— Este annel foi encontrado no logar<br />

do crime e corrobora as suspeitas<br />

sobre Gregorio.<br />

— Valha-me Deus! exclamou Julia<br />

—mas pôde não ser o mesmo !<br />

— Ternos ainda um outro corpo de<br />

delicto. Examine bem V. Ex. esse<br />

farrapo de casimira e queira ver se<br />

se lembra ter visto algum dia Gregorio<br />

vestido com um palitot d'essa<br />

côr.<br />

A viuva tomou nas mãos o farrapo,<br />

que lhe passou o chefe, e ficou a examinal-o<br />

attentamente.<br />

— Então?... disse este, vendo que<br />

ella não respondia. — Lembra-se ?<br />

— Não sei, Sr. doutor, é isto uma<br />

circumstaucia tão pequena, que me<br />

foge inteiramente da memória.<br />

— E' destas pequeninas circumstancias<br />

que se tiram as conclusões<br />

lúcidas sobre qualquer crime, minha<br />

senhora ; não podemos desprezar<br />

nada. Tenha a bondade de declarar<br />

se se recorda de ter visto Gregorio<br />

algum dia vestido d'essa côr.<br />

— Elle usava freqüentemente roupas<br />

escuras, mas algumas vezes,<br />

muito poucas, a passeio no campo<br />

ou de volta de um jantar de amigos,<br />

o vi vestido de côr alvadia.<br />

— Mas d'esta côr, não o vio nunca,<br />

minha senhora ?<br />

— Não me recordo absolutamente,<br />

Sr. chefe.<br />

— Elle era pródigo, extravagante ?<br />

— Para ser pródigo é preciso ter<br />

uma fortuna, e Gregorio vivia do<br />

que ganhava com o trabalho.<br />

— Não sabe se elle gostava de<br />

prazeres ruidosos?<br />

MYSTERIO DA TIJUCA 25<br />

— Não, ao que supponho, não.<br />

— Nunca o vio ebrio ?<br />

— Nunca.<br />

— Recebeu d'elle muitos obséquios?<br />

— De que espécie ?<br />

— Obséquios de valor, em presentes,<br />

em dádivas de preço.<br />

— Os objectos, que conservo d'elle,<br />

só tem valor para mim, porque vieram<br />

de suas mãos.<br />

— Não despendia elle então muito<br />

com V. Ex. ?<br />

— Não havia necessidade d'isso.<br />

— Em que qualidade freqüentava<br />

elle então a sua casa, minha senhora?<br />

— Na qualidade de meu amigo, a<br />

quem me aprouve franquear toda a<br />

minha existência e todo o meu coração.<br />

— V. Ex. deseja vel-o ainda?<br />

— Com muito gosto.<br />

— Sabe onde elle está?<br />

— Disseram-me hoje que estava<br />

preso.<br />

— Sabe que elle tinha um casamento<br />

marcado para tarde ?<br />

— Sei, respondeu a viuva, deixando<br />

transparecer o desgosto que lhe causava<br />

essa pergunta.<br />

— E sabe o resultado d'esse casamento?<br />

— A noiva esperou inutilmente;<br />

Gregorio não appareceu.<br />

— E porque elle não appareceu ?<br />

Sabe, minha senhora ?<br />

— Naturalmente porque o haviam<br />

prendido.<br />

— Entretanto elle não foi preso.<br />

Escondeu-se ou fugio, justamente<br />

pouco depois do crime.<br />

•—Não se sabe então onde elle<br />

está ?!<br />

— Não, minha senhora, respondeu<br />

friamente o Dr. Ludgero, levantando-se.

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