Baixar - Brasiliana USP
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salto. Vamos pular por cima dos<br />
factos já descriptos nos capítulos<br />
trinta e quatro a quarenta e sete;<br />
isto é, desde o episódio da Avenida<br />
Estrella até aquella critica situação<br />
em que deixámos Gregorio ao lado<br />
de Olympia, no pequenino chalet da<br />
Tijuca, e da qual, ainda pouco atraz,<br />
promettemos rehavel-o para seguirmos<br />
a nossa enfadonha narrativa.<br />
Não precisa o leitor empregar toda<br />
a sua força de músculos, porque, o<br />
salto, se comporta muitos capítulos,<br />
não abrange todavia muito<br />
tempo.<br />
Prompto. Estamos novamente em<br />
casa do commendador Ferreira. O<br />
Dr. Roberto segue viagem para o<br />
norte ; Olympia parece já consolada<br />
da morte de Scoop, e o velho Jacob<br />
acompanha fielmente os amos.<br />
São sete horas da tarde. O sol mergulhou<br />
no horisonte, ensangüentando<br />
as espumas do céo, como um marujo<br />
ferido quando cahe no mar. A natureza<br />
envolve-se no crepúsculo para<br />
adormecer. O canio da cigarra vai<br />
amortecente, a proporção que recrudesce<br />
o coaxar das rãs. Defronte da<br />
casa, a sombra exhala das montanhas,<br />
como um vapor negro que se<br />
filtra pelas arvores e embebe-se no<br />
ar. Na rua accendem-se oslampeões;<br />
os bonds passam de um quarto a um<br />
quarto de hora, e um piano da visinhança<br />
soluça o spirito gentil da Favorita.<br />
Penetremos no gabinete, onde deixámos<br />
Gregorio, assentado aos pés<br />
de Olympia. Ella acaba de erguer-se<br />
e afasta-se, depois de tachal-o de<br />
idiota. O álbum, que os dous folheavam,<br />
jaz estatelado no chão. Gregorio<br />
permanece estático no seu tamborete,<br />
e olha com espanto para a cortina da<br />
MYSTÈRIO DA TIJUCA 197<br />
porta, que ainda treme com o repellão<br />
que lhe deu Olympia ao sahir.<br />
O commendador, que acabava de<br />
fazer a sua sesta, apparecia então na<br />
sala de jantar. A filha correu para<br />
elle,alvoroçada, passou-lhe os braços<br />
no pescoço e beijou-lhe a bocca, pondo-se<br />
na ponta dos pés e estendendo<br />
a cabeça.<br />
O velho, meio perturbado pela<br />
effusão daquella caricia brusca, ia<br />
pedir a explicação d'ella, quanio a<br />
filha cortou-lhe a palavra, perguntando<br />
em que dia sahia o primeiro<br />
paquete para a Europa.<br />
— Hein?! o primeiro paquete?!<br />
Queres viajar?!<br />
— Quero; quando sahe o primeiro<br />
vapor?<br />
— Não &ei ao certo, talvez só no<br />
principio do mezque vem.<br />
— Não me serve! Quero antes.<br />
Que viagem ha por estes dias?<br />
— Mas que resolução é essa ?<br />
— O', meu Deus! Sempre os mesmos<br />
espantos! Pois o medico e o<br />
senhor mesmo não me têm aconselhado<br />
constantemente que faça viagens?!..<br />
.<br />
— Sim, mas tu mostravas uma tal<br />
repugnância !...<br />
— Mas já não mostro, ora essa!<br />
— Bem. Vamos tratar d'isso.<br />
— Então seguimos no primeiro vapor<br />
que sahir !<br />
— Para onde ?! perguntou o pae<br />
assustado.<br />
— Seja lá para onde fôr. O destino<br />
do primeiro que sahir!<br />
— Isso é loucura,<br />
— Pois então seja! Não viajo!<br />
Acabou-se!<br />
E Olympia afastou-se para seu<br />
quarto, de máo humor.<br />
O velho foi encontrar-se com Gre-