Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
154<br />
MYSTERIO DA TIJUCA<br />
quarto. Só agora consegui sahir, arrombando<br />
uma porta Não volto mais<br />
alli, nem a ponta de espada!<br />
— Ora esta! Exclamou o rapaz,<br />
atirando-se no sophá e escondendo a<br />
cabeça na palma das mãos.<br />
Ouvia-se Thereza respirar, de tão<br />
cansada que estava.<br />
— E agora?! disse afinal Portella.<br />
descobrindo o rosto.<br />
— Agora é que estou resolvida a<br />
sujeitar-me a tudo. Fico comtigo,<br />
respondeu a mulher do commendador.<br />
— E' impossível, filha! Sentenciou<br />
o outro, erguendo-se e pondo-se<br />
a passeiarem todo o comprimento da<br />
sala.<br />
— Hein?! Interrogou ella, fazendo-se<br />
livida.<br />
— Eu te previni ! Só casado podia<br />
tomar conta de ti !...<br />
Thereza ergueu-se, deu dois passos<br />
para a frente. —Tu és um canalha<br />
! disse com a voz arrastada, e<br />
deixou-se cahir sem sentidos.<br />
Portella correu a suspendei-a do<br />
chão. Ella havia batido com a cabeça<br />
contra o pé de uma meza de<br />
angicc e abrira uma pequena brecha<br />
no craneo. O sangue corria.<br />
— Com todos os diabos! pragueijou<br />
o caixeiro, sentindo-se entalar<br />
pela situação — E eu que nunca me<br />
vi n'estes assados— O' seu Antônio !<br />
seu Antônio! principiou elle a gritar.<br />
Antônio era o sujeito que se encarregava<br />
de fazer a limpeza da casa.<br />
Ninguém respondeu.<br />
— Isto não é o diabo.'! exclamou<br />
Portella, sentindo-se cada vez mais<br />
atarantado. Rebentaram então duas<br />
palmas na porta.<br />
— Quem é ?! perguntou o rapaz.<br />
— Da parte da justiça! exclamou<br />
uma voz de fora.<br />
Portella estremeceu.<br />
— Tenha a bondade de abrir! insistiu<br />
a voz.<br />
— Já vai ! respondeu o caixeiro,<br />
arrastando Thereza para a alcova.<br />
O sangue, que escorria da cabeça<br />
d'esta, desenhava no chão um rastilho<br />
vermelho.<br />
— Abra ! repisou a voz, fazendo-se<br />
desta vez acompanhar por duas'pancadas<br />
na porta. Portella abriu finalmente,<br />
e deu cara a cara com um<br />
homem magro e alto, vestido de<br />
negro.<br />
— O Sr. Luiz Portella? perguntou<br />
o homem magro.<br />
— Senhor?! perguntou Luiz.<br />
O homem fez um gesto de impaciência<br />
e repetiu a sua pergunta.<br />
— O que deseja d'elle?! perguntou<br />
o caixeiro, sem conseguir disfarçar<br />
a sua perturbação.<br />
— Venho intimal-o a comparecer<br />
em presença do chefe de policia.<br />
— Para que?<br />
— O senhor saberá depois.<br />
— Eu agora não posso sahir! disse<br />
Portella — estou aqui muito oceupado.<br />
O homem afastou-se um pouco da<br />
porta, fez signal para o corredor e<br />
appareceu então o commendador,<br />
acompanhado de dois soldados.<br />
— E' este? perguntou o homem<br />
magro ao commendador.<br />
— Justamente, disse o velho, que<br />
havia entrado na sala e olhava attentamente<br />
para as manchas de sangue<br />
do soalho.<br />
— Guardem este homem avista!<br />
disse aquelle aos dois soldados, franqueando-lhes<br />
a entrada na sala. Um<br />
dos soldados foi defender as janellas;