Baixar - Brasiliana USP
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8 MYSTERIO DA TIJUCA.<br />
•— V. Ex. ordena alguma cousa?<br />
perguntou elle curvando-se humildemente.<br />
— Ordeno que me expliques o que<br />
faço aqui e onde estou !<br />
— Infelizmente não posso.<br />
— Nesse caso abre as portas, e eu<br />
irei procurar quem me possa responder.<br />
— Infelizmente também não posso<br />
franquear-lhe a sahida.<br />
— Visto isso estou preso ?!...<br />
— Não sei, não senhor.<br />
— Então que diabo sabes tu?!<br />
— Sei que estou aqui para servir<br />
a V. Ex.<br />
— Obrigado pela solicitude, mas<br />
declaro-te que preferia antes de mais<br />
nada uma explicação do que. quer<br />
tudo isto dizer.<br />
E depois de dirigir inutilmente<br />
mais algumas perguntas ao criado,<br />
disse-lhe que se podia retirar quando<br />
quizesse. E o pobre rapaz tomou<br />
a resolução de deixar que as cousas<br />
corressem poi* si mesmo.<br />
— Eu não terei certamente de ficar<br />
aqui o resto de minha vida, oonsiderava<br />
elle—por conseguinte o melhor<br />
é aguardarmos tranquillamente os<br />
acontecimentos.<br />
O peior era a duvida em que elle<br />
estava a respeito de Clorinda — terlhe-ia<br />
succedido também alguma<br />
cousa? Ou si nada succedeu, o que<br />
não pensaria ella da ausência inexplicável<br />
de Gregorio? ! E os amigos,<br />
e os padrinhos do casamento, e os<br />
convidados ? !<br />
— Ora que papel rediculo me obrigam<br />
a fazer ! Dizia elle, gesticulando<br />
sosinho, mas foi pouco a pouco habituando-se<br />
á sua estranha situação<br />
e nessas circumstancias, vestio-se,<br />
calçou-se, acendeu um charuto, foi a<br />
uma bibliotheca,que havia no quarto,<br />
tirou um volume de versos e poz-se<br />
a ler, disposto a esperar pelo que<br />
desse e viesse.<br />
Reparou então que estava cahindo<br />
de fraqueza e lembrou-se que os sobresaltos<br />
do casamento não lhe permittiram<br />
jantar. Correu á campainha<br />
electrica e tocou.<br />
Appareceu logo o mesmo criado de<br />
ha pouco.<br />
— Dá-me o que ceiar, disse-lhe<br />
Gregorio e accrescentou comsigo—ao<br />
menos ficarei entretido em quanto<br />
estiver comendo.<br />
O criado voltou com uma ceia, caprichosamente<br />
preparada, e perguntou<br />
que vinho usava Gregorio.<br />
— Deixo isso a tua vontade. Traze<br />
o que entenderes.<br />
Terminada a refeição, appareceu de<br />
novo o criado, perguntando em nome<br />
do Sr. Conde, se Gregorio podia recebel-o<br />
n'aquella occasião.<br />
— Pois não! Respondeu o interrogado—Seja<br />
quem fôr o Conde, desejo<br />
ardentemente entender-me com elle.<br />
Dize-lhe que estou absoluctamente á<br />
sua disposição.<br />
Pouco depois penetrava o Conde no<br />
quarto, Gregorio o médio de alto a<br />
baixo, mas não se poude furtar a<br />
uma ligeira impressão de respeito<br />
causada pela figura do fidalgo.<br />
— Muito boas noites, disse este<br />
entrando.<br />
— Obrigado, respondeu o outro,<br />
curvando-se com delicadeza—mas, se<br />
me permitte uma pergunta, tenha a<br />
bondade de dizer com quem tenho a<br />
honra de fallar.<br />
— Falia com o conde de S. Francisco,<br />
irmão da desventurada Cccilia,<br />
fallecida ha quinze annos no convento<br />
de Santa Clara no Porto.