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Baixar - Brasiliana USP

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78<br />

todo o homem do mar, não tinha o habito<br />

de raciocinar andando pela rua.<br />

Só podia concentrar as suas idéas<br />

no socego da solidão, ou assentado<br />

no fundo de alguma taverna, com<br />

os cotovellos fincados á mesa e a<br />

cabeça segura por ambas as mãos.<br />

Além de tudo isso era quasi sempre<br />

necessário fechar os olhos, como<br />

sesóquizesse olhar para dentro do<br />

cérebro, sem esperdiçar nenhuma<br />

actividade de sua attenção com os<br />

objectos que ti esse defronte de si.<br />

Foi o que elle fez. Metteu-se no<br />

fundo de uma casa de pasto e pedio<br />

de almoçar.<br />

— Verdade ! verdade ! principiou<br />

o raciocínio — eu ainda não sei bem<br />

de que se trata. Quem sabe lá si a<br />

mulher do commandante precisa ser<br />

já castigada ou precisa ser simplesmente<br />

aconselhada ?... Sim, porque<br />

no fim de contas, ella apenas conversou<br />

com o tal pelintra e não o recebeu<br />

em casa. Ora, si eu fôr logo ás<br />

do cabo, posso talvez ser precipitado;<br />

o melhor então é espreitar mais algum<br />

tempo, porque se elle ha qualquer<br />

coisa, eu o saberei !<br />

N'este ponto de seus raciocínios,<br />

Tubarão ouvio perto de si uma voz,<br />

qne lhe chamou logo a attenção. Era<br />

nada menos que a voz de um dos sujeitos,<br />

a quem elle esbordoára na<br />

véspera.<br />

— Olá! disse comsigo o marinheiro,<br />

procurando occultar-se o melhor<br />

possível ás vistas do que fallava<br />

— não pensei encontral-o tão<br />

cedo ! Ouçamos o que diz a peste !<br />

Era com effeito um dos homens<br />

de Pedro Ruivo, que acabava de<br />

entrar em companhia de um sucio,<br />

e ficara assentado de costas para o<br />

marinheiro.<br />

MYSTERIO DA TIJUCA<br />

Traziam a conversa principiada<br />

de fora; e versava ella justamente<br />

sobre os acontecimentos da véspera.<br />

— Mas emfim?! Perguntou o que<br />

ainda não era conhecido do Tubarão<br />

— O que quer você de mim?!<br />

— Quero que venha commigo; eu<br />

já não me fio mais n'aquelle hespanhol!<br />

E' um chorincas ! Si não fosse<br />

elle, afianço que o sujeito não sabia<br />

tão fresco da brincadeira!<br />

— Mas então vocês não lhe fizeram<br />

nada?!<br />

— Pois se lhe estou a dizer que o<br />

hespanhol era o único que estava<br />

armado, e em vez de sangrar logo o<br />

tratante, poz-se a remanchiar e deixou-o<br />

ir como veio!<br />

— Ora isso não se acredita! Eu não<br />

o deixaria sahir, sem provar o feitio<br />

cá da menina! Disse o outro com<br />

presumpção, a bater sobre a algibeira<br />

em que guardava a sua faca.<br />

E perguntou, depois de uma pausa<br />

—Para quando então precisam vocês<br />

de mim?!<br />

— Para depois d'amanhã.<br />

— Bem. Podemo-nos reunir aqui<br />

mesmo ou em casa de Pedro Ruivo?!<br />

— Pedro Ruivo?! Disse comsigo<br />

o Tubarão--Ora espere!...<br />

E ficou a pensar.<br />

XXX<br />

REVELAÇÕES<br />

Tubarão lembrava-se vagamente dn<br />

ter já ouvido pronunciar varias vezes<br />

o nome de Pedro Ruivo, quando alguns<br />

conhecidos da família de Cecilia<br />

fallavam a respeito d'esta, com<br />

referencia ao passado.<br />

— E' o tal sujeito que se esteve<br />

para casar com ella!... concluio o<br />

marinheiro depois de muito puxar

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