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Baixar - Brasiliana USP

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166 MYSTEUTO DA TIJUCA<br />

Thereza ficou só, a espera, com o<br />

chapéu nn cabeça, a capa nas costas,<br />

quasi immovel, como se estivesse<br />

muito entretida a observar os objectos<br />

que tinha defronte dos olhos. E sem<br />

querer começou a calcular o effeito de<br />

sua apparição ao lado do marido:<br />

via-se toda confusa a fazer-lhe festinhas,<br />

a consolal-o de tudo o que<br />

havia succedido, a adulal-o. E, ainda<br />

sem querer, começiu a considerar<br />

como devia entrar, se depressa ou<br />

vagarosamente; se devia deixar em<br />

baixo o chapéu e apresentar-s 1 trou no seu quarto, d'onde sahira<br />

Thereza, e principiou por desfastio a<br />

arrumar os objectos sobre os moveis<br />

e a cantar em voz alta, com desembaraço,<br />

uma chula de sua predileção.<br />

Quando sahiu do quarto, disse:<br />

— Ai! ai! e subio a escada com maneiras<br />

de dona de casa.<br />

Thereza não appareceu á meza, almoçou<br />

nos seus aposentos,esperando<br />

que Olympia deixasse a cabeceira do<br />

pae, para ella então apresentar-se.<br />

. inal-<br />

Mal, porém, havia feito a refeição,<br />

quando duas pancadinhas á porta<br />

teravelmente, como se não houvesse a fizeram-n'a retrahir-se um pouco.<br />

menor novidade; se deveria entrar — Sou eu, abra, disse uma voz<br />

com espalhafato, fingindo indignação amiga de fora.<br />

por algum facto; se devia não dar Era Olympia.<br />

uma palavra ao marido e esperar que Thereza corpu; a outra, porém,<br />

as coisas voPassem por si mesmo aos pol-a logo a vontade, passando-lhe<br />

seus eixos, ou se devia lançar-se-lhe um braço na cintura e beijando-a na<br />

aos pés e pedir-lhe perdão com pa­ face.<br />

lavras ardentes, com soluços, com A madrasta estranhou muito aquel­<br />

arremeços.<br />

la inesperada amabilidade. A en­<br />

Mas antes de chegar a qualquer teada sempre fora muito secca com<br />

conclusão, já a criada voltava a di­ ella; quasi que não conversavam<br />

zer-lhe apressadamente da porta: nunca. E a sua surpresa cresceu<br />

— Agora ! Agora ! Passe agora. quando a filha do marido começou a<br />

Ande ! Não ha ninguém na varanda. declarar que estava muito afflicta,<br />

Suba e vá para o seu quarto. receiando que mâesinha não voltasse,<br />

Thereza cumpriu aquella ordem, que já não podia passar sem ella,<br />

como se a recebesse do um senhor. que desejava ser a primeira a dar ao<br />

— Ligeiro! Gritou-lhe Rosa,assim pae a noticia da chegada de The­<br />

que ella atravessou a cozinha e gareza.nhou a escada. E, logo que a viu des- — Não ! disse esta—elle deve estar<br />

apparecer espocou uma risada surda muito zangado; o melhor é esperar­<br />

e soltou entre beiços uma exclamação mos que...<br />

indecente.<br />

— Qual! Eu obtenho de papae o que<br />

— Vai! Resmungou ella, com ex­ quero. Hei de fallar-lhe de tal modo<br />

pressão de raiva invejosa.—Nós cá é a seu respeito, mâesinha, que elle<br />

que somos as ruins!... Vai! o tolo nem só a recebe de braços abertos,<br />

do marido lá está para te dar os como ainda me fica restando.<br />

feijões!<br />

— Não, mas é melhor esperar.<br />

E muito satisfeita com aquelle epi­ Talvez minha presença agora lhe<br />

sódio, que humilhava a senhora, en­ faca mal.

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