Baixar - Brasiliana USP
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egou de o tratar, e com tanto empenho<br />
dedicou-se ásimilhante tarefa,<br />
que o capitão, ho convallecer da<br />
febre, havia adoecido de uma outra<br />
enfermidade, cujos linitivos só a<br />
própria enfermeira lh'os podia ministrar.<br />
E ministrou-os. Não a medir suvinamente<br />
as doses, como fazem os médicos,<br />
mas a franqueal-as liberalmente,<br />
como se-quizesse útilisar as<br />
suas drogas, que se iam disvirtuando<br />
sem aproveitar a ninguém. De sorte<br />
que o Leão Vermelho, ao partir para<br />
o Rio da Prata, já levava saudades da<br />
corte e sentia-se já perfeitamente<br />
consolado de suas primeiras adversidades<br />
conjugaes.<br />
Os resentimentos desappareceram<br />
afinal, mas as saudades foram avultando<br />
de tal fór.ma, que o commissario<br />
acabou por acreditar que não<br />
poderia mais dispensar a consoladora<br />
companhia da viuva. Isso mesmo<br />
deixava elle provado no calor de suas<br />
cartas e no interesse que punha nas<br />
suas palavras, sempre que fallava em<br />
voltar para a casa de pensão da Sra.<br />
D. Henriqueta dos Santos. Esta pelo<br />
seu lado não podia deixar de ter na<br />
memória o querido hospede, porque<br />
Leão Vermelho fazia-se representar<br />
na ausência por um phenomeno<br />
pathologico muito conhecido, que<br />
ia roubando á viuva uma grande<br />
parte da elegância, e dando á sua<br />
cintura uma certa dilatação suspeita.<br />
Quando, um anno depois, o commissario<br />
voltou ao Rio de Janeiro,<br />
em vez de ser recebido simplesmente<br />
pelos dous bellos braços carnudos de<br />
Henriqueta, foi também recebido por<br />
mais outros dous, não tão provocadores<br />
e tão carnudos, porém talvez<br />
MYSTERIO DA TIJUCA 85<br />
mais bellos e mais adoráveis— eram<br />
os bracinhos de uma filha.<br />
O leitor não precisará fazer um<br />
grande esforço de intelligencia para<br />
adivinhar que essa criança é Clorinda,<br />
a formosa creatura, que havia de mais<br />
tarde cahir nas graças do nosso Gregorio.<br />
Leão Vermelho continuava a prosperar<br />
; as especulações do Paraguay<br />
enchiam-lhe fartamente as algibeiras.<br />
D. Henriqueta desfez a casa de<br />
pensão, e d'ella conservou somente<br />
uma velha amiga de muitos annos—<br />
D. Januaria. D'esse modo não só<br />
cumpria um dever de gratidão para<br />
com a pobre senhora, que fora por<br />
longo tempo o seu braço direito,<br />
como também evitava ficar só com a<br />
filhinha, durante as repetidas viagens<br />
de seu homem.<br />
O commissario comprou uma confortável<br />
casinha no Campo de<br />
SanfAnna, preparou-a com o talento<br />
dos homens dados á família, e dispoz-se<br />
a encontrar n'esse modesto<br />
refugio a paz e a felicidade, que não<br />
conseguiu gosar nos braços de sua<br />
legitima esposa.<br />
Clorinda foi baptisada muito modestamente;<br />
convidou-se para padrinho<br />
um rapaz da visinhança que<br />
já em algum tempo fora pensionista<br />
de Henriqueta — o Portella ; bello<br />
moço do commercio, pacifico e de<br />
bons costumes.<br />
Diziam d'elle cousas muito boas,<br />
e entre os da mesma classe passara<br />
por espirito claro e vantajosamente<br />
cultivado. Foi d'esse padrinho que<br />
brotou aquelle pretencioso commendador,<br />
com quem travámos conhecimento<br />
desde o primeiro capitulo. Portella<br />
sempre tivera comsigo a ponti-