Baixar - Brasiliana USP
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ouvir o murmúrio de uma pequena<br />
cascata que corria pouco adiante.<br />
Agora é preciso ir descendo e segurar-se<br />
com mais cuidado, porque o<br />
limo difficulta o caminho transformado<br />
em ladeira. A pedra está rachada<br />
em vários pontos e é necessário<br />
galgar a fenda com um salto.<br />
Olympia principiava a cansar de<br />
novo; as fendas reproduziam-se mais<br />
amiudadamente ; já se vê por entre<br />
ellas luzir a água; vão rareando as<br />
pedras; vão avultando as fisgas<br />
d'agua. Terminou a descida, já se<br />
não está sobre uma rocha, passeia-se<br />
n'um lago, guarnecido de pedras,<br />
que surgem aqui e ali, como para<br />
facilitar a viagem. /<br />
E' esse o ponto mais bonito/da<br />
gruta. A vegetação surge de cima<br />
com mais abundância; os despenhadeiros<br />
são enfeitados com as trepadeiras<br />
e parasitas, que soWm e<br />
descem por elles, n'uma variedade<br />
riquíssima de flores. A água corre<br />
placidamente debaixo de nossos pés ;<br />
ouvem-se cantar os pássaros e sentem-se<br />
os sopros embalsamados da<br />
floresta. De um lado' principia de<br />
novo o campo, vê-se a terra e ouve-se<br />
o marulhar das folhas; do outro<br />
agrupam-se penhascos, por entre os<br />
quaes já não é possível transitar sem<br />
risco de vida.<br />
Gregorio deu a mão a Olympia,<br />
fel-a subir a uma das pedras que se<br />
erguiam defronte d'elles e mostrou-lhe<br />
a cascata. A rocha era fendida<br />
em toda a sua extensão,<br />
formando magnífico effeito com os<br />
pedregulhos que se entremettiam<br />
por ella.<br />
Augusto galgou uma das arestas<br />
da pedra, disse aos companheiros que<br />
o esperassem um instante, emquanto<br />
• MYSTERIO DA TIJUCA 117<br />
ia elle observar se havia pela rocha<br />
alguma passagem para o outro lado.<br />
Olympia e Gregorio oppuzeram-se.<br />
Acharam muito arriscado o que Augusto<br />
queria fazer. A rocha era suinmamente<br />
lisa e escorregadia, não<br />
havia onde a gente se agarrar. Mas<br />
antes que os dois tivessem tempo de<br />
destruir a idéa, já Augusto se havia<br />
encarapitado em uma das pedras, que<br />
ficavam entaladas na fenda, e procurava,<br />
equilibrando-se, alcançar<br />
uma outra. Afinal conseguiu ir<br />
adiante e, depois de se deixar escorregar<br />
pela rocha, logrou chegar ao<br />
lado contrario.<br />
Os companheiros ficaram sobresaltados.<br />
Gregorio fez Olympia assentar-se,<br />
e offereceu-lhedous cajus, que<br />
n'essa occasião acabava de colher. E,<br />
em quanto não vinha Augusto, pozeram-se<br />
a conversar sobre as bellezas<br />
naturaes que os cercavam.<br />
Mas Augusto nada de apparecer.<br />
Olympia tornava-se inquieta, e Gregorio<br />
procurava tranquilisal-a assentado<br />
ao seu lado.<br />
Afinal ouviu-se a voz de Augusto,<br />
que chamava pelo outro. A vozsahira<br />
justamente da parte mais baixa da<br />
rocha, no logar em que principiava<br />
a fenda.<br />
— Onde estás tu?! Perguntou-lhe<br />
Gregorio, approximando-se o mais<br />
que pôde do logar d'onde vinha a<br />
voz.<br />
— Estou aqui em baixo. Só ha<br />
uma fenda, por onde nem um gato<br />
pôde passar!<br />
— E porque não voltas por onde<br />
foste ?!<br />
— Impossível! Vim deixando-me<br />
escorregar e não consigo subir. Já<br />
tentei varias vezes.<br />
— E agora?