Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
o outro conservou-se de vigia aporta<br />
de entrada.<br />
— N'aquelle quarto está alguém,<br />
que acabou de ser ferido n'este instante<br />
! disse o commendador, apontando<br />
para a alcova — Este sangue<br />
ainda não coagulou. E dizendo isto o<br />
commendador avançou para o quarto<br />
onde Portella escondera a amante.<br />
— O senhor não pôde entrar aqui!<br />
disse o dono da casa, atravessandose<br />
na porta do quarto.<br />
— Alli dentro está talvez o corpo<br />
de delicto de algum outro crime.<br />
— Vejamos! disse o homem magro.<br />
— Creio que não será preciso empregar<br />
a força, accrescentou elle, desviando<br />
Portella.<br />
— Podem entrar, respondeu estornas<br />
peço-lhes que me deixem ao<br />
menos explicar a razão porque essa<br />
senhora acha-se ahi n'esse estado.<br />
— Descance, que o senhor terá<br />
occasião opportuna de explicar tudo.<br />
A mim não compete syndicar de similhante<br />
cousa.<br />
E dizendo isto, o homem magro<br />
principiou a tomar notas.<br />
O commendador havia parado perto<br />
da cama em que estava Thereza, e<br />
olhava para ella com um frio olhar<br />
de ódio.<br />
— Conhece esta senhora? perguntou-lhe<br />
o sujeito magro.<br />
— E' minha mulher, respondeu<br />
seccamente o commendador.<br />
— Ah! disse o outro, mostrando<br />
certa solicitude. — O que tem ella? !<br />
— Perdeu os sentidos e quebrou a<br />
cabeça, explicou Portella. — E' preciso<br />
soccorrêl-a. Os senhores não me<br />
deram tempo para isso.<br />
— Bem, disse o commendador,<br />
isso compete já ao senhor; eu nada<br />
mais tenho com esta mulher.<br />
MYSTERIO DA TIJUCA 155<br />
— Mas... balbuciou Portella.<br />
LVI<br />
O DOCUMENTO<br />
— Sr. commendador, disse Portella<br />
em voz baixa ao marido de Thereza,<br />
peço-lhe que não proceda contra mim,<br />
antes de ouvir-me.<br />
— Eu nada, tenho a ouvir, senhor!<br />
Sei, pelos documentos que estão em<br />
meu poder, que alguém tentou d*me<br />
cabo da vida, não faço mais do<br />
que defendel-a e entregar os criminosos<br />
á justiça.<br />
— Mas eu não quero fugir á punição<br />
da lei, explicou o rapaz com um<br />
aspecto infeliz,—desejo apenas que o<br />
senhor não me fique julgando um<br />
monstro, desejava explicar-lhe as<br />
circumstancias que me collocaram<br />
na actual situação.<br />
— E o que se adiantava com isso?<br />
— Adiantava-se muita cousa, para<br />
mim e para o Sr. commendador. Ao<br />
menos ficaria patente que eu lhe não<br />
tenho ódio eque lamento em extremo<br />
lhe haver causado tanto desgosto.<br />
— Mas afinal o que quer o senhor<br />
de mim?!<br />
— Quero que me ouça a sós por<br />
alguns instantes. Tenha a bondade<br />
de afastar esses homens.<br />
O commendador ordenou aos soldados<br />
que se retirassem para o corredor.<br />
Portella cerrou a porta do<br />
quarto em que estava Thereza e,chegando-se<br />
para junto do velho, disselhe<br />
com a voz alterada e tremula:<br />
— Minha vida está ern suas mãos.<br />
O senhor vai decidir de minha<br />
sorte.<br />
E accrescentou, tirando um revolver<br />
da gaveta da secretária —Estou<br />
resolvido a matar-me aqui mesmo,