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Baixar - Brasiliana USP

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140 MYSTERIO DA TIJUCA<br />

receioso de não ter occasião de fallar ; Mas não podia socegar um inscom<br />

Thereza. tante : ia da alcova á janella, da ja-<br />

EUe arranjara de empréstimo o ! nella á sala ; abria um livro sobre, a<br />

commodo, que um amigo seu occu- | mesa, não conseguia ler duas linhas;<br />

pava no campo de SanfAnna. O ! sentava-se, para se levantar logo, ao<br />

lo^ar n'esse tempo prestava-s-' mara- menor rumor que sentia na escada,<br />

vilhosamente para as empresas d'esse i E Thereza nada de apparecer. Porgenero.<br />

tella tornava-se cada vez mais in-<br />

A entrevista seria ás onze horas e ; quieto e mais sobresaltado. listava<br />

meia da manhã; Portella apresen- j indisposto ; os goles de cerveja catara-se<br />

ás dez. Estava muito afflicto. ] hiam-lhe no estômago com uinaim-<br />

Nunca se sentira tão sobresaltado . pressão desagradável,<br />

desde a véspera que o coração lhe Os minutos arrastavam-se lentapulsava<br />

alternadamente; não pudera mente. Elle acendia cigarros consecomer,<br />

da mesma fôrma que não pu- j cutivos, passava de vez em quando<br />

dera dormir. Doía-lhe levemente a pelo espelho, olhava sua figura um<br />

cabeça sobre a nuca. e a bocca amar- | pouco desfeita pela irregularidade<br />

vaga-lhe o gosto do fumo, de que d'aquelle dia, e voltava de novo a<br />

elle abusara n'aquellas ultimas horas. ; passeiar pelo quarto.<br />

Ainda não eram onze horas, quando Deram'onze e meia, Portella perse<br />

ouviram duas pancadinhas na deu a paciência — Ora! exclamou<br />

porta da saleta. elle, gesticulando comsigo — Isto<br />

Portella correu a abrir. não se faz ! Ha duas horas que estou<br />

aqui a olhar para as moscas! Mas<br />

LI suspendeu as suas considerações porque<br />

sentiu parar na rua uma carroa-<br />

PRIMEIRA ENTREVISTA<br />

gem, e logo em seguida ouviu passos<br />

Ainda não era Thereza, era o ho- agitados subirem a escada,<br />

mem encarregado de limpar a casa. O rapaz deu uma carreira para a<br />

Luiz Portella olhou para elle com porta, abriu-a, e disse apressadaum<br />

ar interrogativo. mente para quem acabava de chegar.<br />

— Vinha varrer o quarto, explicou j — Aqui ! E' aqui!<br />

o homem, um pouco perturbado por Thereza vinha vestida de preto, um<br />

não conhecer Portella. \ véo cobria-lhe o rosto, e toda ella<br />

— Deixe isso para outra occasião, l tremia de commoção.<br />

aconselhou este. E, quando o outro ia i Ao entrar, descobriu logo a cabeça;<br />

já sahindo, accrescentou entregando- estava muito pallida e assustada.<br />

lhe uma nota de dous mil réis—Tra- \ Portella recebeu-a nos braços e coga-me<br />

uma garrafa de cerveja, e í bria-a de beijos. Ella não podia dar<br />

guarde o resto. | uma palavra.<br />

O homem voltou com a garrafa, ! — Descance, descance um pouco,<br />

abriu-a, encheu um copo de cerveja<br />

e retirou-se. Portella fechou de novo<br />

a porta, depois de terrecommendado<br />

dizia elle, a desafrontal-a do chapéo<br />

e da capa.<br />

— Ah ! suspirou a mulher do com-<br />

que precisava ficar só. • mendador, como quem descarrega a

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