a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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oferecendo estruturas <strong>de</strong> transição e acomodações, em colaboração com<br />
associações civis, familiares, voluntários sociais e usuários (DESVIAT, 2002).<br />
Zenha e Cunningham (2005) afirmam que foi no contexto da Psiquiatria<br />
Democrática, li<strong>de</strong>rada por Basaglia, que o conceito e a ação da reabilitação<br />
psicossocial ganharam corpo e força. Sem dúvida, um dos gran<strong>de</strong>s feitos <strong>de</strong>sse<br />
movimento foi chamar a <strong>atenção</strong> para as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito aos direitos<br />
humanos cometidas pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência asilar, que exclui o sujeito do jogo<br />
social.<br />
Os autores ao discorrerem sobre a dimensão da clínica e da reabilitação<br />
comentam que esta não é e nem será, por muito tempo, tarefa fácil não só pelo que<br />
caracteriza cada uma <strong>de</strong>ssas ações, como também pela dificulda<strong>de</strong> em articulá-las.<br />
Esclarecem que:<br />
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Mas, se por um lado, Basaglia e seus seguidores tiveram a<br />
responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apontar o caráter <strong>de</strong>sumano da assistência<br />
psiquiátrica, <strong>de</strong>nunciando o preconceito, a discrimi<strong>na</strong>ção e a exclusão dos<br />
alie<strong>na</strong>dos; por outro, não se empenharam o suficiente para repensar o<br />
caráter clínico da assistência a eles. Ao contrário, alguns chegaram a<br />
acreditar que a saída era mesmo o da politização da questão, reduzindo a<br />
problemática à operação <strong>de</strong> uma ação reabilitadora. Porém, para esse<br />
sujeito que sofre com o turbilhão causado pelo discurso que lhe inva<strong>de</strong>,<br />
procurando saídas com seus sintomas, o respeito aos direitos humanos<br />
i<strong>na</strong>lienáveis não é o suficiente. É nesse ponto que inci<strong>de</strong> a ação da clínica<br />
(ZENHA; CUNNINGHAM, 2005:3)<br />
Saraceno é enfático quando acrescenta que falar <strong>de</strong> reabilitação<br />
psicossocial não se trata <strong>de</strong> uma simples operação técnica, pois a expressão<br />
reabilitação psicossocial encontra-se, muitas vezes, impreg<strong>na</strong>da pelo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma<br />
integrida<strong>de</strong> a restituir ou <strong>de</strong> uma adaptação a promover:<br />
Reabilitação não é uma nova tecnologia, da qual lançamos mão, para fazer<br />
<strong>de</strong> um paciente "<strong>de</strong>sabilitado" um cidadão “habilitado”, mas um conjunto <strong>de</strong><br />
estratégias orientadas a aumentar as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> recursos e<br />
<strong>de</strong> afetos: é somente no interior da tal dinâmica das trocas que se cria um<br />
efeito habilitador, sem o risco <strong>de</strong> reproduzir processos <strong>de</strong> condicio<strong>na</strong>mento<br />
e adaptação (SARACENO, 1999:112).<br />
O autor reforça que a reabilitação é um processo que implica negociações<br />
constantes envolvendo a família e as instituições, para trocas afetivas e materiais,<br />
visando inseri-lo no seu meio social e levando em conta o sintoma como expressão<br />
da tentativa do sujeito <strong>de</strong> dar significação ao sofrimento. Para o autor, a reabilitação