a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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[...] a <strong>de</strong>sinstitucio<strong>na</strong>lização significou a <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e<br />
valores racio<strong>na</strong>lístico-cartesianos; a construção da psiquiatria <strong>de</strong>mocrática;<br />
e a transformação das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>na</strong>s esferas privadas e públicas,<br />
efetivada por iniciativa <strong>de</strong> psiquiatras (GOULART, 2004).<br />
Consi<strong>de</strong>rando este cenário, marcado por forte influência do movimento<br />
sindical e operário, e, em outro patamar com relação às políticas do “Welfare State”,<br />
po<strong>de</strong>-se afirmar que a influência do movimento italiano <strong>na</strong> RPB significou uma<br />
ruptura significativa com os fazeres e saberes brasileiros.<br />
Para além das propostas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução dos saberes e dos<br />
dispositivos institucio<strong>na</strong>is do “manicômio”, esses momentos da RPB <strong>de</strong>scritos por<br />
Amarante (1995) assumiram a dimensão da <strong>de</strong>mocratização e humanização da<br />
assistência, cumprindo um importante papel no campo da política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental.<br />
Birmam (1992), Lancetti e Amarante (2006), Saraceno (1999) comentam<br />
que o terceiro momento da reforma representou a superação do conceito secular <strong>de</strong><br />
doença <strong>mental</strong> como falta e erro, centrado no tratamento da doença como entida<strong>de</strong><br />
abstrata.<br />
Desviat (2002) salienta que no Brasil a reforma das instituições<br />
psiquiátricas, para além do fechamento dos manicômios, configurou-se como um<br />
amplo movimento social em <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos dos excluídos da razão e<br />
da cidadania.<br />
É ainda Desviat quem afirma “trata-se da mobilização <strong>de</strong> uma ampla e<br />
atuante coletivida<strong>de</strong> militante do público, os ‘loucos pela vida’ que procuram criar<br />
novos espaços <strong>de</strong> vida, modificá-la, e não ape<strong>na</strong>s a assistência psiquiátrica”<br />
(DESVIAT, 2002:151).<br />
No fi<strong>na</strong>l da década <strong>de</strong> 1980 a luta pelo fim da instituição psiquiátrica<br />
começa a fazer parte da agenda dos movimentos populares organizados, que<br />
questio<strong>na</strong>m as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>atenção</strong>, além <strong>de</strong> pautar o resgate da cidadania,<br />
secularmente negada ao doente <strong>mental</strong>.<br />
Políticas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, como a criação <strong>de</strong> legislações específicas, são<br />
<strong>de</strong>lineadas, estabelecendo uma re<strong>de</strong> assistencial substitutiva à inter<strong>na</strong>ção em<br />
hospitais psiquiátricos, comprometendo-se com um novo mo<strong>de</strong>lo assistencial.<br />
Amarante (2005) afirma que em setembro <strong>de</strong> 1989 foi apresentado o Projeto <strong>de</strong> lei<br />
3657/89, pelo <strong>de</strong>putado Paulo Delgado, que propunha a extinção progressiva dos<br />
manicômios no Brasil, assim como a regulamentação das inter<strong>na</strong>ções compulsórias.<br />
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