a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
precisa contemplar três vértices da vida <strong>de</strong> qualquer cidadão: casa, trabalho e lazer<br />
(SARACENO, 1999).<br />
Neste estudo, um entrevistado pontuou o pouco avanço da política <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> Mental no que tange à reabilitação, porém está atento à dimensão da clínica<br />
e aos aspectos sintomáticos como manifestos discursivos do sujeito<br />
10<br />
108<br />
Então, acho que <strong>na</strong> questão da reabilitação o projeto tem muito que<br />
avançar. A gente ainda não caminhou, não. E, talvez, assim, eu diminui<br />
minha expectativa, Eu acho que essa reabilitação tem que ser feita assim,<br />
no singular. A gente pensava em uma reabilitação coletiva, que eu pensava<br />
quando eu vim para cá, e eu vejo que isso é muito singular. É <strong>de</strong>ntro do que<br />
o paciente dá conta, é pensar em que reabilitação que a gente quer. O que<br />
vai ser possível (E17).<br />
A partir <strong>de</strong>sse enunciado, po<strong>de</strong>-se assi<strong>na</strong>lar que a dimensão da clínica foi<br />
particularizada, reconhecendo a singularida<strong>de</strong> do usuário. Para Viganò (1999), a<br />
reabilitação refere-se a um processo em que as ações <strong>de</strong>vem estar a serviço <strong>de</strong><br />
construção do caso clínico, uma reabilitação que leve em conta o sintoma como<br />
expressão da tentativa do sujeito <strong>de</strong> dar significado ao seu sofrimento; logo, uma<br />
reabilitação que não renuncie ao tratamento no nível da comunicação. O autor<br />
afirma ainda que não tem como dissociar clínica e reabilitação. Cada um <strong>de</strong>sses<br />
processos estabelece uma relação dialética um com o outro.<br />
Nesse sentido, um entrevistado reconhece a necessária compreensão do<br />
quadro clínico para ajudar o usuário no seu processo <strong>de</strong> inserção social, em que a<br />
reabilitação só po<strong>de</strong> ter sucesso <strong>na</strong> condição <strong>de</strong> seguir o estilo que é sugerido pela<br />
estrutura subjetiva, por seus sintomas. O caminho percorrido por esse entrevistado<br />
aponta para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> resposta por parte do sujeito, mais ou<br />
menos precária, mais ou menos capaz <strong>de</strong> provocar enlaçamentos. Seguir essa<br />
resposta tomando-a como marca do estilo do sujeito ensi<strong>na</strong> também que, por ela, o<br />
sujeito é sempre responsável:<br />
Eu <strong>de</strong>vo ter uns quatro pacientes que ainda estão comigo aqui que são<br />
pacientes <strong>de</strong> longa permanência. Um tinha vinte anos <strong>de</strong> Serra Ver<strong>de</strong>; outro<br />
tinha <strong>de</strong>zoito. São pacientes jovens ainda. O que eles conseguem fazer<br />
hoje? Hoje, eles conseguem vir consultar comigo. Eles conseguem, em<br />
casa, varrer o quintal e conseguem ir à padaria. Mas antes a gente<br />
encaminhou para um tanto <strong>de</strong> curso <strong>de</strong> qualificação, e ele não dava conta, e<br />
acho que talvez eu tenha aprendido a acompanhar com o paciente a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, até on<strong>de</strong> ele po<strong>de</strong> ir e sempre acreditar nele. Mas assim é<br />
ele quem dá o limite (E7).