a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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menos jogados. Eles ficam <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>, mas eles ficam à margem da<br />
socieda<strong>de</strong>. De que que adianta? (E2).<br />
Entretanto, outra realida<strong>de</strong> se apresenta. Estar fora <strong>de</strong> uma instituição<br />
nem sempre significa <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser excluído.<br />
Tem casos <strong>na</strong> nossa área que o paciente saiu da instituição e a família<br />
levou para casa, mas esta morando fora <strong>de</strong> casa. Fizeram um quartinho e<br />
puseram a pessoa ali. Ou seja, está do mesmo jeito. Só mudou o terreno (E6).<br />
A análise dos dados das entrevistas e dos Grupos Focais revelou que a<br />
inserção do usuário da Saú<strong>de</strong> Mental, quesito necessário a sua reinserção social em<br />
outros espaços requer, a inventivida<strong>de</strong> cotidia<strong>na</strong> nesse campo, ainda em<br />
construção. Os dados <strong>de</strong>monstram que, à medida que os serviços vão construindo<br />
saídas a esses impasses, novos se <strong>de</strong>scorti<strong>na</strong>m, colocando em foco outras<br />
questões<br />
Trabalhar <strong>na</strong> Saú<strong>de</strong> Mental é invenção o tempo todo. Coisas que você fala<br />
assim, nossa, como que eu vou lidar com esse caso? Aí, você tem que tirar<br />
<strong>de</strong> algum lugar alguma novida<strong>de</strong>, porque você pega o prontuário <strong>de</strong> um<br />
paciente há onze anos e ele está sempre precisando do CERSAM. Você<br />
não trabalha com uma fórmula, você tem que estar aproveitando qualquer<br />
coisinha das possibilida<strong>de</strong>s, da circulação social que essa pessoa tem para<br />
conseguir uma melhora (E22).<br />
Também temos falhas. Precisamos pensar em equipamentos sem os<br />
Centros <strong>de</strong> Convivência. Mas, muitas vezes, <strong>de</strong>pois que esses pacientes<br />
estão mais recuperados, eles reclamam, eu quero alguma coisa que me dê<br />
uma renda. Então, o Programa, por exemplo, <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Renda é um<br />
<strong>de</strong>safio. Cursos <strong>de</strong> qualificação profissio<strong>na</strong>l acho que é outro <strong>de</strong>safio. São<br />
pontos que o projeto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental tem que avançar. As datas são<br />
poucas ainda para esses cursos <strong>de</strong> qualificação profissio<strong>na</strong>l. Poucas vezes<br />
eu consegui inserir paciente nesses cursos. É claro que há uma dificulda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>les próprios. Ás vezes, você consegue inserir e eles não levam adiante<br />
(E17).<br />
Nos discursos dos entrevistados, ficou explicitado que a inserção social<br />
dos usuários da SM está muito distante. Parece haver certa frustração <strong>de</strong>sses<br />
profissio<strong>na</strong>is quanto à morosida<strong>de</strong> das mudanças institucio<strong>na</strong>is que favoreçam a<br />
reinserção social, o que eles atribuem também aos limites da clínica. Alguns <strong>de</strong>sses<br />
aspectos aparecem <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa abaixo.<br />
Olha, eu não sei se a gente conseguiu caminhar <strong>na</strong> reinserção social. Não<br />
consigo ver isso. Antes eu acreditava numa colocação ampla do paciente <strong>na</strong><br />
socieda<strong>de</strong>. Seria até uma ban<strong>de</strong>ira. A gente tinha que inserir o paciente, e,