a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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Segundo Maingueneau (1997), a linguagem é um modo <strong>de</strong> interação <strong>na</strong>s<br />
relações sociais. Assim, <strong>de</strong>ve ser percebida como condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
discurso e veículo <strong>de</strong> transmissão da i<strong>de</strong>ologia. Todo dizer é, i<strong>de</strong>ologicamente,<br />
marcado e abrange mais <strong>de</strong> um sentido, pois é <strong>na</strong> linguagem que a i<strong>de</strong>ologia se<br />
materializa <strong>na</strong>s palavras dos sujeitos. Segundo o autor, as palavras mudam <strong>de</strong><br />
sentido conforme as posições daqueles que a empregam.<br />
Orlandi (1999:22) acrescenta que a linguagem é o ponto <strong>de</strong> partida para a<br />
compreensão da representação do sujeito. É por meio <strong>de</strong>la que fica explícita sua<br />
visão <strong>de</strong> mundo, sua concepção sobre <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do objeto e sobre as<br />
representações sociais construídas e comunicadas em diferentes épocas.<br />
Diferentemente da análise <strong>de</strong> conteúdo, a AD consi<strong>de</strong>ra que a linguagem<br />
não é transparente. A questão que se coloca é como este texto significa, e não o<br />
que este texto quer dizer (MAINGUENEAU, 1997; ORLANDI, 1999).<br />
Maingueneau (1997:10) acrescenta que a técnica <strong>de</strong> AD exige uma<br />
apreensão real <strong>de</strong> textos, por meio <strong>de</strong> uma leitura verda<strong>de</strong>ira consequentemente,<br />
uma apropriação <strong>de</strong> sua opacida<strong>de</strong> e garante que os textos a<strong>na</strong>lisados possuem, <strong>de</strong><br />
fato, uma significação oculta, mesmo que outro a<strong>na</strong>lista se mostre incapaz <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>cifrá-lo. Ler um texto é atribuir-lhe sentido, é <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r o processo e as<br />
condições da produção dos discursos ali materializados.<br />
Para a<strong>na</strong>lisar os discursos, segundo a perspectiva <strong>de</strong> Foucault (1996), é<br />
preciso antes <strong>de</strong> tudo ficar atento às coisas ditas e recusar as explicações unívocas,<br />
as interpretações aparentes daquilo que se manifesta pelas palavras, sendo<br />
necessário <strong>de</strong>ixar o discurso aparecer <strong>na</strong> complexida<strong>de</strong> que lhe é peculiar.<br />
Para isso, foi necessário olhar os discursos para além <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />
signos, como significantes que se referem a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos conteúdos, carregando tal<br />
ou qual significado, não sendo imediatamente visível, o que não significa estar<br />
oculto. Para Foucault (1996), a<strong>na</strong>lisar o discurso requer contextualizar as relações<br />
históricas, <strong>de</strong> práticas muito concretas, que estão presentes nos discursos.<br />
Neste estudo, a AD foi adotada como técnica, por sua a<strong>de</strong>rência aos<br />
propósitos teóricos e metodológicos do estudo e pelas possibilida<strong>de</strong>s oferecidas <strong>de</strong><br />
refletir sobre as condições <strong>na</strong>s quais foram construídos e apreendidos os discursos.<br />
A análise <strong>de</strong> discurso possibilitou a interpretação, não ape<strong>na</strong>s do que foi dito, mas,<br />
sobretudo, a i<strong>de</strong>ologia que está por traz dos discursos, o que não estava explícito.<br />
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