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a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...

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para a inserção social do usuário no território. Os próprios entrevistados reconhecem<br />

essa limitação:<br />

11<br />

114<br />

Tem paciente nosso <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental mais grave que fica o dia inteirinho<br />

sentado <strong>na</strong> porta <strong>de</strong> casa sem fazer <strong>na</strong>da. Então, eu acho que falta alguma<br />

ligação para você fazer, tipo assim dar a esses pacientes a condição <strong>de</strong><br />

realmente reintegrar <strong>na</strong> família, <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>, e não <strong>de</strong>ixar solto por aí<br />

(E12).<br />

A gente vê que eles saíram <strong>de</strong> um lugar on<strong>de</strong> estavam lá sem fazer <strong>na</strong>da e<br />

foram para outro, e estão sem fazer <strong>na</strong>da. Não tem ativida<strong>de</strong> para eles <strong>na</strong><br />

nossa área. Eles não saem <strong>de</strong> casa não (E6).<br />

O Centro <strong>de</strong> Convivência, por exemplo, seria uma saída para esses<br />

pacientes para fazer alguma coisa. Porém você não consegue como eles<br />

chegam até lá. Aí, eles não vão. Eles não têm condição <strong>de</strong> ir sozinho. Tem<br />

que ir a família. Eu acho que, por exemplo, se tivesse um carro que viesse,<br />

falasse, três vezes por sema<strong>na</strong> vai passar aqui e te pegar e voltar com<br />

você, você vai participar <strong>de</strong> ofici<strong>na</strong>s, fazer uma arte, e <strong>de</strong>pois você volta<br />

(E2).<br />

A análise dos dados permite inferir que, sob as bases dos saberes e<br />

práticas psiquiátricas tradicio<strong>na</strong>is, o lugar social da loucura ainda é um lugar <strong>de</strong><br />

exclusão, <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong>, improdutivida<strong>de</strong>. Enfim, persistem a cronicida<strong>de</strong> e a<br />

insuficiência <strong>de</strong> propostas alter<strong>na</strong>tivas <strong>de</strong> assistência á <strong>saú<strong>de</strong></strong>. Essa cronicida<strong>de</strong> se<br />

prolonga no tempo e pela vida afora, mantendo o indivíduo em seu espaço territorial,<br />

isolado.<br />

Para um entrevistado, fica evi<strong>de</strong>nciada a inexpressiva participação da<br />

família no tratamento “é tomando remédio e ficando quieto. E para família,<br />

infelizmente, quanto mais quieto melhor (E6)”.<br />

A clínica psiquiátrica está fundada sob o foco da doença <strong>mental</strong> que<br />

secularmente impõe ao louco todos os estigmas <strong>de</strong> exclusão. Se se busca a<br />

compreensão do processo <strong>saú<strong>de</strong></strong>/doença <strong>mental</strong> para criar outras alter<strong>na</strong>tivas para<br />

intervenção, <strong>de</strong>para-se com os limites da concepção <strong>de</strong>sse fenômeno e que hoje<br />

não comporta mais um olhar fragmentado do sujeito, visualizando ape<strong>na</strong>s a doença.<br />

Para Langdon (1995:1), repensar a relação <strong>saú<strong>de</strong></strong> - doença requer uma<br />

revisão do mo<strong>de</strong>lo hegemônico biomédico, em que o enfoque principal da<br />

biomedici<strong>na</strong> é a biologia huma<strong>na</strong>, a fisiologia ou a patofisiologia, sendo a doença um<br />

processo biológico universal.<br />

O autor aponta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> romper com o paradigma reducionista,<br />

que a<strong>na</strong>lisa o homem como um agregado <strong>de</strong> funções biológicas e físicas, recorrendo

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