a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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Zenha e Cunningham (2005) acreditam que não se <strong>de</strong>ve pensar a<br />
reabilitação como dimensão <strong>de</strong> superação da clínica, pois, ao se <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar os<br />
aspectos sintomáticos como manifestos discursivos do sujeito, corre-se o risco <strong>de</strong><br />
fazê-lo um autômato, diferentemente do que <strong>de</strong>seja uma autonomia orientada pela<br />
cidadania. Para esses autores não basta oferecer uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos<br />
<strong>de</strong> reabilitação se eles não estiverem sustentados por uma proposta que acolha a<br />
<strong>de</strong>srazão como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significação tanto no campo do direito quanto no<br />
campo da clínica.<br />
Define Viganó, “a reabilitação, em psiquiatria, po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada como<br />
um programa <strong>de</strong> restituição, reconstrução e, às vezes, construção do direito pleno à<br />
cidadania e da construção material <strong>de</strong> um direito como tal” (VIGANÓ, 1999:46).<br />
Na proposta atual da RPB, a reabilitação psicossocial atravessa o i<strong>de</strong>ário<br />
<strong>de</strong> ser esse um dispositivo funda<strong>mental</strong> no embate ao sofrimento psíquico. Tem-se<br />
por objetivo promover a <strong>de</strong>sinstitucio<strong>na</strong>lização e a inclusão social do indivíduo,<br />
integrando-o aos diferentes espaços, sendo que o gran<strong>de</strong> mote consiste em reinseri-<br />
lo <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>, conferindo-lhe mais autonomia e menos cronicida<strong>de</strong> no tratamento.<br />
Foi constatado neste estudo que os eixos sobre os quais se constrói a<br />
inserção psicossocial dos usuários estão presentes <strong>na</strong> política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental do<br />
município. Os entrevistados revelam que o novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência, centrado<br />
nos serviços substitutivos, favorece a reinserção social do usuário, trazendo-os para<br />
a vida pública.<br />
abaixo:<br />
10<br />
109<br />
Nossos pacientes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental, eles pegam um ônibus, eles vão ao<br />
CERSAM, eles voltam. Então, quer dizer, eles transitam livremente <strong>na</strong><br />
socieda<strong>de</strong>. Então, eu acho que nessa parte foi excelente, que entrou<br />
individualida<strong>de</strong>, autonomia, para o paciente (E12).<br />
Vê-se muito que o objetivo é tirá-lo do hospital. Porque antes o doente<br />
<strong>mental</strong> não era visto como ele é hoje, como um ser que po<strong>de</strong> ser inserido <strong>na</strong><br />
socieda<strong>de</strong>, que mesmo com seus altos e baixos, com seus problemas, ele<br />
não está institucio<strong>na</strong>lizado (E15).<br />
O usuário reconhece também esse avanço como expresso no discurso<br />
Minha vida social é meio <strong>de</strong>vagar em função do meu problema. Mas, graças<br />
a Deus, hoje tem posto <strong>de</strong> <strong>saú<strong>de</strong></strong> para dar continuida<strong>de</strong> ao tratamento, tem<br />
psiquiatra, tem psicólogo, tem tratamento, assistente social. Isso é baca<strong>na</strong> e<br />
veio para salvar o povo do manicômio e é a referência, nossa referência<br />
hoje para tratamento psiquiátrico (G2).