a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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às vezes, a gente queria inserir ele a qualquer preço. A gente não levava<br />
em conta o <strong>de</strong>sejo do paciente. Não é nem o <strong>de</strong>sejo, as possibilida<strong>de</strong>s do<br />
paciente. Então, talvez, acredito ter amadurecido nesse tempo todo. É que<br />
nós temos limites, os pacientes têm limites, a instituição tem limites (E10).<br />
A análise dos dados permite inferir que reinserção social é um processo<br />
em construção, que visa gerar oportunida<strong>de</strong>s para alcançar autonomia e uma vida<br />
<strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>. No entanto, nos discursos ficou evi<strong>de</strong>nciado<br />
certo <strong>de</strong>salento dos profissio<strong>na</strong>is para atingir o pressuposto<br />
A reabilitação psicossocial que a gente tenta fazer é inserindo em alguma<br />
forma <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong>, mesmo que não seja uma ativida<strong>de</strong><br />
que gere propriamente uma renda, mas que dê algum tipo <strong>de</strong> satisfação até<br />
pessoal e fi<strong>na</strong>nceira também. Eu acho que tem pacientes que não vão<br />
conseguir se inserir no mercado <strong>de</strong> trabalho, até porque o mercado <strong>de</strong><br />
trabalho não está conseguindo absorver nem as pessoas qualificadas (E9).<br />
Para Pinheiro et al. (2007), avançar <strong>na</strong> Reforma Psiquiátrica significa<br />
estabelecer uma estratégia <strong>de</strong> cuidados que reconheça a potencialida<strong>de</strong> do território<br />
com seus recursos e a assunção da responsabilida<strong>de</strong> sobre a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
território. Implica, também, criar formas <strong>de</strong> acolhimento com projetos <strong>de</strong> cuidado,<br />
articulados em re<strong>de</strong>, inventando outros modos <strong>de</strong> cuidado, instituindo novos espaços<br />
<strong>de</strong> convívio com a loucura e tendo como princípio a sua inserção <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>.<br />
Nesse sentido, a concepção do cuidado remete a um posicio<strong>na</strong>mento<br />
comprometido e implicado em relação ao outro. O cuidado orientado por práticas<br />
territoriais requer, ainda, o reconhecimento da sua importância em incluir outros<br />
atores sociais além dos usuários e profissio<strong>na</strong>is, enfocando a intersetorialida<strong>de</strong>,<br />
essencial para otimizar essa re<strong>de</strong>.<br />
A autora acrescenta que o sujeito não se reduz a uma doença ou a uma<br />
lesão que lhe causa sofrimento. É preciso ir além da execução <strong>de</strong> ações que visam<br />
ape<strong>na</strong>s tratar a doença que se instala no indivíduo, sendo necessário contextualizá-<br />
la no habitat do sujeito (PINHEIRO et al., 2007).<br />
Os dados da análise permitem acrescentar que, ao adotar o território<br />
como estratégia <strong>de</strong> cuidado para a inserção social do usuário, fortalece a idéia <strong>de</strong><br />
que os serviços <strong>de</strong> <strong>saú<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>vem integrar a re<strong>de</strong> social das comunida<strong>de</strong>s em que se<br />
inserem, assumindo a responsabilida<strong>de</strong> pela <strong>atenção</strong> à <strong>saú<strong>de</strong></strong> nesse espaço.<br />
Muitas vezes, esse espaço é conflituoso, avesso às possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
reinserção social, o que é um nó crítico. Para os entrevistados, a estratégia do