a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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cenários, enfim, um espaço <strong>de</strong> laços sociais. É nessa perspectiva que se busca<br />
organizar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidado para os usuários e suas famílias (BRASIL, 2004).<br />
A SMSA (2007) acrescenta que o território é o or<strong>de</strong><strong>na</strong>dor político-social<br />
dos serviços e ações. Tanto para o PSF quanto para a Saú<strong>de</strong> Mental o território não<br />
está dado; é algo para ser construído, por intermédio <strong>de</strong> ações coletivas com<br />
instituições e moradores, ampliando, assim, os espaços <strong>de</strong> discussão e<br />
oportunida<strong>de</strong>s para todos que nele coabitam.<br />
Nesse sentido, a política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental do município explicita que os<br />
CERSAMS surgem como uma aposta <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> uma assistência à SM mais<br />
articulada ao território, introduzindo o referenciamento por microrregião no trabalho<br />
cotidiano das equipes e valorizando o território <strong>de</strong> inserção do usuário quando os<br />
encaminhamentos se fazem presentes.<br />
Observou-se neste estudo que a relação entre CERSAM e os diversos<br />
níveis <strong>de</strong> <strong>atenção</strong> procura garantir um atendimento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, com pronto acesso<br />
ao usuário em crise, evi<strong>de</strong>nciando ser esse um espaço <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> novas<br />
práticas para lidar com o usuário da Saú<strong>de</strong> Mental, diferentemente, das práticas<br />
tradicio<strong>na</strong>is já mencio<strong>na</strong>das.<br />
Onocko-Campos e Furtado (2006) assi<strong>na</strong>la, no entanto, que romper com<br />
a estrutura teórica e prática do mo<strong>de</strong>lo asilar não é uma tarefa fácil, a qual requer <strong>de</strong><br />
todos os envolvidos <strong>na</strong> assistência rupturas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m ética, epistemológica e política<br />
em relação ao stauts quo representado pela <strong>atenção</strong> tradicio<strong>na</strong>lmente prestada pela<br />
re<strong>de</strong> pública e conveniada <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental, sobretudo nos ambulatórios e hospitais<br />
psiquiátricos.<br />
Para Amarante e Torres (2001), é necessário romper com o método<br />
epistêmico da psiquiatria, o conceito <strong>de</strong> doença <strong>mental</strong> como erro, <strong>de</strong>srazão e<br />
periculosida<strong>de</strong>, o princípio pineliano do isolamento terapêutico e, fi<strong>na</strong>lmente os<br />
princípios do tratamento moral que ainda embasam as terapêuticas utilizadas nos<br />
serviços <strong>de</strong> <strong>saú<strong>de</strong></strong>.<br />
Guattari (1986) acrescenta:<br />
Doença <strong>mental</strong>, a meu ver, não po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir sob um único aspecto. Ela<br />
envolve sempre elementos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pessoal, conflitos <strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>mento<br />
<strong>de</strong> perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>, relações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m sexual, relações <strong>de</strong> casais, relações<br />
no seio da família, problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m microssocial, dimensões<br />
institucio<strong>na</strong>is, questões <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> vizinhança, <strong>de</strong> modo <strong>de</strong> vida. Ela<br />
envolve, inclusive, dimensões econômicas e dimensões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m moral,<br />
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