a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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Porém, mesmo com a repercussão positiva da reforma favorecendo a<br />
inserção do usuário <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>, os entrevistados comentam que este fica muito<br />
solto, sem um acompanhamento, gerando uma <strong>de</strong>sassistência.<br />
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Então, essa mudança <strong>na</strong> assistência, isso fez com que esse paciente<br />
ficasse mais social. Só que eu acredito que ainda tem que ter muito<br />
investimento e muita oferta <strong>de</strong> serviço para po<strong>de</strong>r melhorar isso aí, porque<br />
simplesmente tirar o paciente <strong>de</strong> uma instituição e botar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa não<br />
resolve. Você está tirando o paciente <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do hospital e jogando para a<br />
família cuidar. A família não tem estrutura e nem conhecimento para cuidar<br />
<strong>de</strong> um paciente <strong>de</strong>sses. Agora, os médicos clínico-gerais, eles po<strong>de</strong>m dar<br />
um suporte, mas também não têm conhecimento suficiente para po<strong>de</strong>r fazer<br />
isso e o paciente acaba ficando <strong>de</strong>sassistido (E1).<br />
Para Amarante (1996), <strong>de</strong>sassistência significa abando<strong>na</strong>r os doentes à<br />
própria sorte. Isto é como se as políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinstitucio<strong>na</strong>lização não significassem<br />
a substituição do aparato hospitalar por outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento.<br />
O autor consi<strong>de</strong>ra que neste rol estão incluídos <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos segmentos<br />
tradicio<strong>na</strong>lmente corporativos e conservadores, aliados aos interesses econômicos<br />
<strong>de</strong> exploração da loucura e resistentes à Reforma. Acrescenta que a tendência<br />
contra<strong>de</strong>sinstitucio<strong>na</strong>lizante assume maior magnitu<strong>de</strong> após o Projeto <strong>de</strong> Lei Paulo<br />
Delgado, 3.657/89 que propõe a substituição progressiva dos hospitais psiquiátricos<br />
por outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência. Infere-se que essa tendência ainda inspira o<br />
fazer e o pensar <strong>de</strong> muitos profissio<strong>na</strong>is.<br />
Percebe-se nos discursos uma preocupação com a <strong>de</strong>sinstitucio<strong>na</strong>lização<br />
<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>turpada e associada ao abandono, ao <strong>de</strong>samparo do usuário<br />
Eu sou a favor do CERSAM. Eu não sou a favor dos manicômios, <strong>de</strong> jeito<br />
nenhum, eu acho que o paciente tem que ficar solto, sim, ser inserido <strong>na</strong><br />
socieda<strong>de</strong>, mas com um direcio<strong>na</strong>mento. Quem será responsável por ele?<br />
Porque, se você tirou <strong>de</strong> um lugar, tem que ter alguém para direcio<strong>na</strong>r ele.<br />
Até mesmo para eles caminharem, até eles se acertarem, e isso eu não<br />
vejo acontecer. Isso não existe (E3).<br />
Para alguns entrevistados, um usuário institucio<strong>na</strong>lizado é sinônimo <strong>de</strong><br />
alguém cuidado e protegido. Assim, po<strong>de</strong>-se inferir que um usuário <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
Saú<strong>de</strong> Mental necessita continuamente <strong>de</strong>sse cuidado e proteção.<br />
Eu acho que, por mais que eles queriam <strong>de</strong>sinstitucio<strong>na</strong>lizar esses<br />
pacientes, eu acho que alguns <strong>de</strong>veriam estar junto com a instituição,<br />
porque eles estariam mais protegidos, seriam mais cuidados, mais olhados,