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a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...

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Advogava-se <strong>na</strong> época que todos os alie<strong>na</strong>dos <strong>de</strong>veriam ser isolados <strong>de</strong><br />

seus amigos, familiares e vizinhos e transferidos para um lugar em que inexistissem<br />

interferências in<strong>de</strong>sejáveis à observação e ao conhecimento científico.<br />

Observa-se que a psiquiatria, ao ser reconhecida como ciência e<br />

legitimada pelo Estado, em consonância com os interesses do capitalismo <strong>na</strong>scente,<br />

tor<strong>na</strong>-se a gran<strong>de</strong> discipli<strong>na</strong>dora do espaço social, com enfoque no tratamento moral<br />

e educativo, em que a imposição da or<strong>de</strong>m tor<strong>na</strong>-se condição para o tratamento da<br />

doença <strong>mental</strong> e o isolamento necessário à sua recuperação e socialização.<br />

A medici<strong>na</strong>, nesse contexto, transformou-se no gran<strong>de</strong> aliado do Estado<br />

para a homogeneização do espaço público, articulando po<strong>de</strong>r e saber sobre o<br />

doente e a doença.<br />

O tratamento moral é reconhecido como uma estratégia por meio da qual<br />

o po<strong>de</strong>r médico 5 se apoia em todas as relações institucio<strong>na</strong>is. Seria ingênuo<br />

surpreen<strong>de</strong>r-se com o fato <strong>de</strong> que essa relação apresente frequentemente um estilo<br />

<strong>de</strong> luta. Essa violência é <strong>de</strong> direito.<br />

Diferentemente dos outros excluídos, como os criminosos, as prostitutas e<br />

os <strong>de</strong>generados, afirmava-se que o louco era passível <strong>de</strong> tratamento, porque a<br />

causa da sua doença era a paixão pervertida. A sua reeducação pelo tratamento<br />

moral e pela or<strong>de</strong>m que regulava o funcio<strong>na</strong>mento asilar pelo exercício da discipli<strong>na</strong><br />

e pelo uso do trabalho, era a condição necessária para a sua inscrição no espaço<br />

social como sujeito da razão e da vonta<strong>de</strong> (BIRMAM, 1992).<br />

O isolamento e o controle da loucura no manicômio foram estudados por<br />

Goffman, que discute como esse tipo <strong>de</strong> segregação atua sobre o individuo, sobre<br />

sua condição <strong>de</strong> inter<strong>na</strong>do. O autor refere-se a esses lugares nomeando-os <strong>de</strong><br />

“Instituição total” <strong>de</strong>finindo-as como:<br />

[...] um local <strong>de</strong> residência e trabalho on<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> indivíduos<br />

com situação semelhante, separados da socieda<strong>de</strong> mais ampla por<br />

consi<strong>de</strong>rável período <strong>de</strong> tempo, levam uma vida fechada e formalmente<br />

administrada (GOFFMAN, 1992:11).<br />

Goffman aponta, ainda, o caráter totalizante <strong>de</strong>ssas instituições pela<br />

condição <strong>de</strong> inter<strong>na</strong>mento das pessoas que o recebem. Acrescenta que toda<br />

5 “O projeto <strong>de</strong> Pinel não se tratava <strong>de</strong> fazer uma crítica radical da instituição hospitalar nem <strong>de</strong> ser cético com os <strong>de</strong>fensores<br />

da assistência domiciliar, trata-se <strong>de</strong> fazer do hospital um instrumento dócil <strong>na</strong>s mãos do médico esclarecido. O caráter vicioso<br />

do hospital não é <strong>de</strong>vido, portanto á segregação que ele opera, mas sim a promiscuida<strong>de</strong> nele rei<strong>na</strong>nte” (Loyola: 2007).<br />

Contribuições da profª Drª Cristi<strong>na</strong> Loyola durante o exame <strong>de</strong> qualificação da pesquisadora<br />

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