a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
difundida, em que o normal passa a ser aquele comportamento que melhor se<br />
adapta a liberda<strong>de</strong> burguesa e que, <strong>de</strong> certa forma, está ligado a toda uma<br />
reformulação no conjunto <strong>de</strong> práticas médicas.<br />
Silva e Fonseca (2003) explicam que esse ato e essa data fundaram a<br />
psiquiatria como o campo da medici<strong>na</strong> médica positivista mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> e <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ram o<br />
começo da medicalização da loucura.<br />
Nesse hospital, todo esforço foi realizado para a construção e<br />
classificação <strong>de</strong> quadros clínicos das enfermida<strong>de</strong>s. Pinel instituiu o primeiro<br />
conceito médico sobre a loucura, ao que nomeou <strong>de</strong> “alie<strong>na</strong>ção <strong>mental</strong>”. No entanto,<br />
ao <strong>de</strong>nunciar as condições <strong>de</strong>suma<strong>na</strong>s dos asilos da época, libertou os loucos <strong>de</strong><br />
suas correntes, criando outras mais sutis, porque consentidas.<br />
Adotando métodos da medici<strong>na</strong> classificatória Pinel, utilizou o mesmo<br />
principio <strong>de</strong> conhecimento da botânica, propondo que, assim como essa ciência que<br />
retira a planta do meio in <strong>na</strong>tura e a transporta para um ambiente in vitro para<br />
estudá-la, os loucos <strong>de</strong>veriam ser transportados do seu meio para o asilo, lugar i<strong>de</strong>al<br />
para a observação e pesquisa (AMARANTE, 2005:129).<br />
Pinel propôs inscrever a loucura <strong>na</strong>s categorias médicas e a ela conferir o<br />
estatuto <strong>de</strong> doença <strong>mental</strong>, diferenciando-a da ociosida<strong>de</strong> e estabelecendo uma<br />
relação específica entre o médico e o doente, em que o primeiro dizia a verda<strong>de</strong> da<br />
doença, pelo saber que tinha sobre ela.<br />
Com o <strong>na</strong>scimento da psiquiatria, reconhecida como ciência médica, a<br />
loucura, estranho e místico fenômeno, passa a ser consi<strong>de</strong>rada doença e se insere<br />
nos manuais <strong>de</strong> nosologia das doenças mentais.<br />
A partir <strong>de</strong>sse momento, a loucura fica autorizada a ser tratada, cuidada e<br />
apropriada pelo homem e, isolada do espaço social, expulsa para a periferia das<br />
cida<strong>de</strong>s, começando a ocupar os antigos espaços a que eram <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos os<br />
leprosos e os sifilíticos (BIRMAN, 1992).<br />
O mesmo autor assi<strong>na</strong>la serem estes os lugares em que a tradição<br />
oci<strong>de</strong>ntal confi<strong>na</strong>va suas experiências sociais, e a loucura passa a ser i<strong>de</strong>ntificada,<br />
simbolicamente, como a figura da morte, representando a <strong>de</strong>composição e a<br />
fragmentação do corpo em vida.<br />
Castel (1978) explica que os princípios da síntese pinelia<strong>na</strong> aconteceram<br />
no espaço institucio<strong>na</strong>l, surgindo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> classificação das doenças<br />
mentais, a relação específica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre médicos e pacientes, e a elaboração<br />
24<br />
24