a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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A partir da década <strong>de</strong> 1960 surgem os primeiros serviços psiquiátricos<br />
brasileiros, ligados às estruturas previ<strong>de</strong>nciárias, que se tor<strong>na</strong>riam o gran<strong>de</strong> filão <strong>de</strong><br />
fi<strong>na</strong>nciamento das ações <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental para o setor privado.<br />
Outros marcos vão se acumulando. Na década <strong>de</strong> 1970 constata-se um<br />
elevado índice <strong>de</strong> cronificação e <strong>de</strong> reinter<strong>na</strong>ções, aliado ao aumento das<br />
concessões <strong>de</strong> auxílio – doença por motivo <strong>de</strong> distúrbio <strong>mental</strong>, que se fizeram<br />
presentes sob a égi<strong>de</strong> privatista.<br />
Somada à precarieda<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> ambulatorial, ainda incipiente, esse fato<br />
representou a captação <strong>de</strong> pacientes para hospitalização no setor privado<br />
(GOULART, 1992).<br />
Amarante (1995) explica que a assistência psiquiátrica brasileira <strong>na</strong><br />
década <strong>de</strong> 1970 assi<strong>na</strong>lava a falência <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo privatizante instalado no setor<br />
<strong>saú<strong>de</strong></strong> e que os serviços hospitalares psiquiátricos foram muito criticados. Nesse<br />
contexto, a re<strong>de</strong> ambulatorial ganha fôlego e começa a se conformar como um<br />
espaço concreto para outras estratégias <strong>de</strong> enfrentamento da loucura.<br />
Por princípio, a re<strong>de</strong> ambulatorial <strong>de</strong>veria ser um contraponto à lógica<br />
segregatória e iatrogênica dos hospícios, que se tor<strong>na</strong>ram fi<strong>na</strong>nceiramente<br />
insustentáveis pelo Estado. Porém, a prática ambulatorial foi discrimi<strong>na</strong>tória,<br />
estruturando-se como especialida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>ndo seu atendimento aos<br />
trabalhadores inseridos no mercado <strong>de</strong> trabalho formal (GOULART, 1992).<br />
A ampliação da re<strong>de</strong> ambulatorial coinci<strong>de</strong> com o agravamento da crise<br />
fi<strong>na</strong>nceira da previdência que impõe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong>finição da política<br />
<strong>de</strong> compra <strong>de</strong> serviços do setor privado.<br />
Kantorski assi<strong>na</strong>la que:<br />
[...] o mo<strong>de</strong>lo clínico psiquiátrico <strong>na</strong> realida<strong>de</strong> brasileira expandiu-se e<br />
contou com importante impulso durante o processo <strong>de</strong> industrialização nos<br />
anos 70, quando ocorreu uma gran<strong>de</strong> expansão da indústria farmacêutica e<br />
<strong>de</strong> equipamentos médico-hospitalares. Chama-se a <strong>atenção</strong> para o fato <strong>de</strong><br />
que enquanto o mundo voltava-se para a <strong>de</strong>sospitalização, o Brasil, sob o<br />
cenário do golpe militar, investia <strong>na</strong> extensão dos cuidados psiquiátricos<br />
através do aumento <strong>de</strong> leitos e da multiplicação da re<strong>de</strong> privada contratada<br />
(KANTORSKI, 2001).<br />
Essa re<strong>de</strong> assistencial operava com um mo<strong>de</strong>lo terapêutico precário, que<br />
se apoiava no uso indiscrimi<strong>na</strong>do <strong>de</strong> psicofármacos e no isolamento dos doentes<br />
mentais em hospitais psiquiátricos “[...] seus resultados mais palpáveis foram:<br />
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