a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...
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limitadamente a suas características sociais e psíquicas como parte integrante <strong>de</strong><br />
uma socieda<strong>de</strong>. Essa dicotomia cartesia<strong>na</strong> presente no mo<strong>de</strong>lo biomédico não<br />
concebe a <strong>saú<strong>de</strong></strong> e a doença como processos psicobiológicos e sócioculturais. Para<br />
este autor, o processo puramente biológico/corporal <strong>de</strong>ve envolver o contexto<br />
cultural e a experiência subjetiva <strong>de</strong> aflição.<br />
Langdon (1995) reafirma que a doença não é um evento primariamente<br />
biológico, mas é concebida, em primeiro lugar, como um processo experienciado,<br />
cujo significado é elaborado por meio <strong>de</strong> episódios culturais e sociais, e, em<br />
segundo lugar, como um evento biológico. A doença não é um estado estático, mas<br />
um processo que requer interpretação e ação no meio sociocultural, o que implica a<br />
negociação <strong>de</strong> significados <strong>na</strong> busca da cura.<br />
Embora a ciência reconheça o homem como um ser biopsicossocial, <strong>na</strong><br />
prática, os sistemas <strong>de</strong> <strong>saú<strong>de</strong></strong> pouco se utilizam <strong>de</strong> mecanismos socioculturais como<br />
coadjuvantes <strong>na</strong>s estratégias para proporcio<strong>na</strong>r-lhe equilíbrio.<br />
O enfoque puramente biológico sobre os sintomas mentais, por meio <strong>de</strong><br />
medicações, po<strong>de</strong> parecer cômodo e aten<strong>de</strong> a interesses comerciais, mas está<br />
longe <strong>de</strong> ser a solução para os serviços <strong>de</strong> <strong>saú<strong>de</strong></strong>. Assim também, um enfoque<br />
exclusivamente psicológico tem suas limitações nos resultados <strong>de</strong> um tratamento.<br />
Os profissio<strong>na</strong>is entrevistados reconhecem os limites do atendimento focado só <strong>na</strong><br />
doença<br />
11<br />
115<br />
Um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para as ESM e ESF é estar entrosada no sentido <strong>de</strong> não<br />
estar priorizando somente essa clientela mais grave para o atendimento e<br />
estar criando dispositivos, seja <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong>, <strong>na</strong> própria re<strong>de</strong>, para os<br />
casos que também precisam <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental, mas que<br />
estejam com projeto terapêutico diferente <strong>de</strong> uma consulta psiquiátrica, <strong>de</strong><br />
uma psicoterapia. Precisamos envolver outros atores no cuidado a essa<br />
clientela para melhorar a assistência, para inserir-la <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong> (E2).<br />
Não é você que vai dando remédio para ele dormir, ficar quieto, para ele<br />
não integrar a vida num todo. Então, esse paciente tem que ter uma saída<br />
melhor para o seu sofrimento. Aí, <strong>de</strong> vez em quando, ele vem, porque tem<br />
que renovar a receita num período dois meses, três meses. É essa coisa<br />
que falta, que eu te falei, falta uma ativida<strong>de</strong> para essa pessoa, porque a<br />
gente sabe que essa pessoa fica lá sem fazer <strong>na</strong>da (E6).<br />
Ficou evi<strong>de</strong>nciado nos discursos que a AB oferece insuficientes ativida<strong>de</strong>s<br />
direcio<strong>na</strong>das para esses usuários, o que se constitui um paradoxo no atual mo<strong>de</strong>lo e<br />
dificulta o estabelecimento do seu vínculo no território