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a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...

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contrapartida à anomia urba<strong>na</strong>. Como medida econômica e precaução social, tinha o<br />

valor <strong>de</strong> invenção, abrigando milhares <strong>de</strong> pessoas, que ficavam amontoadas nos<br />

pavilhões e nos pátios, simbolizando uma forma <strong>de</strong> repressão à mendicância e à<br />

ociosida<strong>de</strong>, sem uma conotação <strong>de</strong> medicalização, e sim caritativa (FOUCAULT, 2005).<br />

para a loucura:<br />

Ressalta Foucault que a inter<strong>na</strong>ção representou um momento <strong>de</strong>cisivo<br />

[...] o momento em que esta é percebida no horizonte social da pobreza, da<br />

incapacida<strong>de</strong> para o trabalho, da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integrar-se ao grupo; o<br />

momento em que começa a inserir-se no texto dos problemas da cida<strong>de</strong><br />

(FOUCAULT, 2005:78).<br />

Na análise foucaultia<strong>na</strong>, enten<strong>de</strong>-se que esses estabelecimentos não se<br />

assemelhavam às instituições médicas, mas sim a uma instância <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m da<br />

mo<strong>na</strong>rquia e da burguesia, que se organizava <strong>na</strong> França <strong>na</strong> época. Eram estruturas<br />

assistenciais, com po<strong>de</strong>r máximo sobre o louco, e não ape<strong>na</strong>s sobre ele, mas<br />

também sobre todas as pessoas marcadas pelo signo da <strong>de</strong>srazão (FOUCAULT,<br />

2005, 45:78).<br />

Amarante (1995) acrescenta que a preocupação com critérios médicos<br />

científicos não pertence a tal época sendo que a fronteira com que se trabalha<br />

encontra-se referida à ausência, ou não, <strong>de</strong> razão e não a critérios <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

patológica.<br />

No fi<strong>na</strong>l do século XVIII, com as idéias do Iluminismo, momento i<strong>na</strong>ugural<br />

da Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, imperava o reconhecimento da razão huma<strong>na</strong> como a fonte <strong>de</strong><br />

conhecimento e a crença absoluta no racio<strong>na</strong>lismo científico e no po<strong>de</strong>r da técnica.<br />

Não é possível supor, todavia que os iluministas eram utópicos nem<br />

sonhadores. Embalados pelo lema da Revolução Francesa, eles buscavam o<br />

reor<strong>de</strong><strong>na</strong>mento do espaço público, essencial para a consecução das metas da<br />

Revolução.<br />

Para Amarante (1995), a legitimida<strong>de</strong> do discurso da ciência instituía a<br />

<strong>saú<strong>de</strong></strong> como um valor e um indicador <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>. Gradativamente, a <strong>de</strong>srazão vai<br />

per<strong>de</strong>ndo espaço, e a alie<strong>na</strong>ção começa a ocupar o lugar como critério <strong>de</strong> distinção<br />

do louco ante a or<strong>de</strong>m social.<br />

Aliado a esse contexto, Resen<strong>de</strong> (1987) comenta que, com o advento da<br />

Revolução Industrial e a consequente instauração <strong>de</strong> uma nova or<strong>de</strong>m social, os<br />

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