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a saúde mental na atenção básica - Biblioteca Digital de Teses e ...

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Para o autor, durante a Antiguida<strong>de</strong> e a Ida<strong>de</strong> Média a loucura era<br />

revestida <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r sobre<strong>na</strong>tural, chegando a ser entendida entre os antigos<br />

como uma forma <strong>de</strong> ligação entre os homens e os <strong>de</strong>uses, não po<strong>de</strong>ndo, portanto,<br />

ser capturada.<br />

O autor argumenta suas idéias <strong>de</strong>clarando que antes <strong>de</strong> ser domi<strong>na</strong>da,<br />

por volta da meta<strong>de</strong> do século XVII, a loucura aparece atrelada a todas as<br />

experiências da Re<strong>na</strong>scença. Ele <strong>de</strong>screve notoriamente um objeto do universo<br />

imaginário do homem re<strong>na</strong>scentista, a “Nau dos loucos”, que simbolizava o<br />

<strong>de</strong>sconforto social com este sujeito (FOUCAULT, 2005).<br />

Esse estranho barco vagava pelos rios europeus até ancorar em um lugar<br />

em que <strong>de</strong>ixavam sua carga insa<strong>na</strong>, um lugar que a recolhesse ou remetesse o<br />

louco novamente à errância, expurgando <strong>de</strong> seus muros os que tinham então “uma<br />

existência facilmente errante” (FOUCAULT, 2005:9).<br />

Essa prática comumente usada <strong>na</strong> Europa, que frequentemente viam<br />

essas <strong>na</strong>us <strong>de</strong> loucos atracarem em seus portos significava uma forma <strong>de</strong> excluí-los<br />

do seu meio ambiente e evitava que eles ficassem vagando pelas cida<strong>de</strong>s,<br />

garantindo sua partida para longe: “[...] é para o outro mundo que parte o louco em<br />

sua barca louca; é num outro mundo que ele chega quando <strong>de</strong>sembarca”<br />

(FOUCAULT, 2005:12).<br />

Oliveira, Fortu<strong>na</strong>to e Farias (2005) comentam que <strong>na</strong> época do<br />

Re<strong>na</strong>scimento a loucura era, para cada indivíduo, uma experiência que se revelava<br />

como enunciadora <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> e que somente com o advento do racio<strong>na</strong>lismo<br />

mo<strong>de</strong>rno, proposto por Descartes, é que o discurso da razão passou a ser<br />

i<strong>de</strong>ntificado como o discurso da ciência, contrapondo-se ao discurso da loucura.<br />

Para essas autoras, o efeito histórico <strong>de</strong>sse processo foi a perda <strong>de</strong><br />

qualquer po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>na</strong> experiência da loucura, silenciando, <strong>de</strong> certa forma, o<br />

universo da <strong>de</strong>srazão.<br />

Birmam (1992); Oliveira, Fortu<strong>na</strong>to e Farias (2005); Silva e Fonseca<br />

(2003) argumentam que a filosofia <strong>de</strong> Descartes revela o valor que ele atribuiu à<br />

mente, ao raciocínio com lógica.<br />

O método <strong>de</strong> estudo da <strong>na</strong>tureza a partir da razão advogava que as idéias<br />

<strong>de</strong>veriam ser precisas e agregadas com os conhecimentos objetivos e científicos.<br />

Ou seja, o mundo dos objetos, <strong>de</strong> um lado e, <strong>de</strong> outro, o mundo dos sujeitos, o<br />

intuitivo e reflexivo (DESCARTES, 1987).<br />

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