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literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

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Re-existência da África<br />

na religiosida<strong>de</strong> brasileira<br />

Para compreen<strong>de</strong>r o ato <strong>de</strong> contar histórias <strong>de</strong> orientação é preciso<br />

compreen<strong>de</strong>r a função dos iniciadores. Africanos, diletos mestres da<br />

vida comunitária, consi<strong>de</strong>ram a fala como uma força fundamental<br />

que emana do próprio ser. Acredita-se que a fala po<strong>de</strong> se tornar<br />

cada vez mais forte na medida em que circula como energia que<br />

renova a vida. A vida se constrói com palavras e histórias que dão<br />

origem a princípios e valores essenciais para a convivência.<br />

Olubajé<br />

Conta-se que um dia Xangô, o rei <strong>de</strong> Oyó, convidou<br />

todos os orixás para uma festa. Havia muita fartura<br />

e todos estavam muito felizes. No meio da festa, eles<br />

se dão conta da ausência <strong>de</strong> Omolu... Omolu não havia<br />

sido convidado. Temendo que este ficasse muito<br />

zangado, os orixás aceitaram a sugestão <strong>de</strong> Oxum e<br />

<strong>de</strong>cidiram ir ao seu palácio, levando comidas para<br />

continuar a festa. Todos foram pedir <strong>de</strong>sculpas para<br />

fazê-lo esquecer da in<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za. Omolu aceita a homenagem,<br />

mas faz chamar todo o povo da sua cida<strong>de</strong><br />

para participar daquela festa cantando, dançando e<br />

comendo com ele.<br />

Você conhece o já vivenciou alguma situação on<strong>de</strong> foi possível<br />

perceber a existência e a consciência da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inclusão<br />

e solidarieda<strong>de</strong>?<br />

Reza para o amanhecer<br />

Ogun Ka ji re<br />

Ki a ma di<strong>de</strong> iku<br />

Ka a ma di<strong>de</strong> arun<br />

Ogum, que o nosso <strong>de</strong>spertar seja para felicida<strong>de</strong><br />

Que nós, não levantemos para encontrar a morte<br />

Que não nos levantemos para encontrar a doença.<br />

As religiões <strong>de</strong> origem afro-brasileira têm como um dos princípios<br />

rezar diariamente para que não haja mortes, para que não<br />

haja doenças e para que não haja intrigas na comunida<strong>de</strong>.<br />

Literatura afro-brasileira 105<br />

Iniciadores. Detentores <strong>de</strong> conhecimentos que iniciam<br />

o/a jovem para a vida comunitária transmitindo<br />

saberes e fazeres pela tradição oral.<br />

HAMPATÊ. Bâ. A tradição Viva. In KI – ZERBO.<br />

História da África, São Paulo: Ática; Paris: Unesco,<br />

1968, p.181, 219.<br />

Olubajé. Palavra na língua iorubá que significa<br />

aquele que come com o outro. Ritual consagrado<br />

a Omolu.

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