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literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

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sões artístico-literárias, como o Indigenismo do Haiti e o Negrismo <strong>de</strong><br />

Cuba, levadas pelos estudantes negros do Caribe. Essas tendências<br />

artísticas estão na base <strong>de</strong> Negritu<strong>de</strong>, movimento surgido na década<br />

<strong>de</strong> 1930, em Paris, que tem como principais fundadores os<br />

escritores Léopold Sédar Senghor, do Senegal, Aimé Césaire, da<br />

Martinica, e Leon Damas, das Guianas Francesas. Po<strong>de</strong>-se dizer<br />

que, no início, Negritu<strong>de</strong> foi um movimento <strong>de</strong> intelectuais nascidos<br />

na África ou em espaços colonizados pelos franceses e teve<br />

como principal meta lutar pelo fortalecimento da consciência e<br />

do orgulho <strong>de</strong> ser negro. O Negritu<strong>de</strong> terá influência capital na<br />

formação dos nacionalismos que empreen<strong>de</strong>rão as in<strong>de</strong>pendências<br />

<strong>de</strong> diversas regiões africanas a partir dos anos 1960.<br />

Apesar da importância do movimento Negritu<strong>de</strong>, muitas críticas<br />

po<strong>de</strong>m ser feitas às idéias <strong>de</strong>fendidas por seus seguidores.<br />

Talvez a crítica mais importante seja a <strong>de</strong> que, por ser fundado na<br />

Europa, distante da África, o movimento acabou reforçando imagens<br />

ainda contaminadas por um olhar <strong>de</strong>preciativo sobre o continente<br />

africano e sobre o negro. As imagens <strong>de</strong> uma África mítica<br />

ou a visão do continente africano como um lugar paradisíaco recuperavam,<br />

<strong>de</strong> certa forma, algumas tendências do exotismo que<br />

o próprio movimento lutava por <strong>de</strong>sconstruir. Por outro lado, a<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma “essência africana” incentivava o orgulho <strong>de</strong> uma<br />

“raça” e fortalecia essencialismos, o que, <strong>de</strong> certa maneira, acabava<br />

por acirrar o conflito entre negros e brancos.<br />

Todavia, apesar das diversas contradições com que teve <strong>de</strong><br />

lidar, na Europa e fora <strong>de</strong>la, o movimento Negritu<strong>de</strong> expressou,<br />

principalmente na <strong>literatura</strong> e nas artes em geral, a revolta dos<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> africanos contra os sistemas escravocrata e<br />

colonialista e <strong>de</strong>u novos rumos à luta pelo reconhecimento dos<br />

direitos das pessoas negras. Além disso, o movimento foi responsável<br />

pela publicação <strong>de</strong> periódicos importantes, que divulgaram<br />

idéias e textos produzidos por intelectuais e escritores negros.<br />

Alguns dos títulos mais conhecidos são a Revue du Mon<strong>de</strong><br />

Noir (Revista do Mundo Negro), surgida em Paris em novembro<br />

<strong>de</strong> 1931, a revista Légitime défense (Legítima Defesa), <strong>de</strong> 1932, e o<br />

jornal L´Étudiant Noir (O Estudante Negro). O primeiro número<br />

<strong>de</strong>ste jornal saiu em 1935, com artigos <strong>de</strong> Aimé Césaire, Léopold<br />

Literatura afro-brasileira 33<br />

A expressão malgaxe é utilizada para <strong>de</strong>signar os<br />

naturais ou habitantes da Ilha <strong>de</strong> Madagascar, localizada<br />

no Oceano Índico, próxima a Moçambique.

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