16.04.2013 Views

literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Eu te Amo, meu Brasil!<br />

Letra e música: Don e Ravel<br />

As praias do Brasil ensolaradas,<br />

O chão on<strong>de</strong> o país se elevou,<br />

A mão <strong>de</strong> Deus abençoou,<br />

Mulher que nasce aqui tem muito mais amor.<br />

(...)<br />

Esse orgulho exagerado, presente em textos literários e letras<br />

<strong>de</strong> músicas, foi <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> ufanismo. Um exemplo bem significativo<br />

<strong>de</strong> texto ufanista encontra-se no livro Por que me ufano <strong>de</strong> meu<br />

país, publicado por Afonso Celso em 1901, que listava uma série <strong>de</strong><br />

justificativas para o orgulho nacional, principalmente calcadas na<br />

beleza natural do país. No caso do Brasil, o sentimento ufanista foi<br />

supostamente utilizado, inicialmente, para combater sentimentos<br />

<strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>correntes do processo <strong>de</strong> colonização e do fato<br />

<strong>de</strong> sermos consi<strong>de</strong>rados mestiços.<br />

A <strong>literatura</strong> romântica do século XIX ilustra bem a fascinação<br />

pela paisagem brasileira e, nesse sentido, muitos textos são<br />

ufanistas. Na primeira parte do conhecido romance Iracema, <strong>de</strong><br />

José <strong>de</strong> Alencar, é possível ler:<br />

Ver<strong>de</strong>s mares bravios <strong>de</strong> minha terra natal, on<strong>de</strong> canta<br />

a jandaia nas fron<strong>de</strong>s da carnaúba;<br />

Ver<strong>de</strong>s mares, que brilhais como líquida esmeralda<br />

aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias<br />

ensombradas <strong>de</strong> coqueiros; 2<br />

Em outro romance, O Guarany, José <strong>de</strong> Alencar apresentou<br />

um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> brasileiro: o personagem Peri, um índio. Para ele, um<br />

personagem índio representaria melhor o povo brasileiro, pois era<br />

um tipo da terra, a sua origem não era estrangeira: o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

brasileiro <strong>de</strong>veria ser nativo, da terra. José <strong>de</strong> Alencar construiu um<br />

herói caracterizando-o como “cavalheiro português no corpo <strong>de</strong><br />

um selvagem”, excluindo do perfil do herói nacional a participação<br />

do gran<strong>de</strong> contingente <strong>de</strong> africanos e afro-brasileiros que construíram<br />

a riqueza econômica e cultural do país.<br />

O índio <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Alencar é um herói meramente criado<br />

para correspon<strong>de</strong>r às expectativas do discurso nacional que, na-<br />

Literatura afro-brasileira 43<br />

2 ALENCAR, José <strong>de</strong>. Iracema. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Mec/INL, 1965.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!