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literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

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Gerais. Ao pesquisar a presença do Mo<strong>de</strong>rnismo em Belo Horizonte,<br />

Antônio Sérgio Bueno faz um estudo sério sobre as publicações<br />

do “Suplemento Literário”. Este estudioso mineiro consi<strong>de</strong>ra<br />

que Leite Crioulo “quebrou o silêncio em torno do negro <strong>de</strong>ntro<br />

do Mo<strong>de</strong>rnismo e antecipou vários dados para a reflexão que<br />

a inteligência nacional empreen<strong>de</strong>ria, a partir <strong>de</strong> 1930, sobre a presença<br />

negra na vida e na cultura brasileira”.<br />

A realização, em Recife, em 1934, e na Bahia, em 1937, do I<br />

e do II Congresso <strong>Afro</strong>-brasileiro, promovidos por Gilberto Freyre<br />

e Édison Carneiro, é também importante para a afirmação da <strong>literatura</strong><br />

negra no Brasil. Segundo Benedita Damasceno (1988), nesses<br />

congressos, infelizmente, o negro foi ainda apresentado como<br />

a “matéria-prima” <strong>de</strong> pesquisas, sem uma discussão mais profunda<br />

sobre a real situação vivida por ele na socieda<strong>de</strong>. Mas, os congressos<br />

são, sem dúvida, um momento importante na discussão<br />

<strong>de</strong> questões relacionadas com o negro brasileiro.<br />

Já em 1931, intelectuais negros formam em São Paulo a<br />

Frente Negra Brasileira que, apesar das evi<strong>de</strong>ntes contradições em<br />

suas ativida<strong>de</strong>s, ofereceu à população negra marginalizada da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo dos anos 30 “possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> organização,<br />

educação e ajuda no combate à discriminação racial” (BARBO-<br />

SA,1998, p. 12). Em 1933, a Frente Negra cria o jornal a Voz da<br />

Raça; em 1936 é registrada como partido político e extinta, pelo<br />

Estado Novo, em 1937.<br />

Neste livro, além <strong>de</strong> um levantamento da produção literária<br />

<strong>de</strong> escritoras e escritores brasileiros pertencentes a diferentes épocas,<br />

também são apresentadas criações que celebram as tradições<br />

africanas presentes na cultura brasileira. Nessas criações, nem sempre<br />

a <strong>de</strong>núncia da exclusão é direta, e, em algumas <strong>de</strong>las, a questão<br />

nem mesmo aparece. Essa celebração da presença africana em<br />

rituais preservados pela cultura brasileira está também na obra <strong>de</strong><br />

alguns autores afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Esses últimos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que<br />

tanto os mecanismos <strong>de</strong> preconceito e exclusão quanto à resistência<br />

a esses mesmos mecanismos não precisam ser tratados <strong>de</strong> forma<br />

explícita na produção artística. Literatura, dizem muitos escritores,<br />

é um trabalho <strong>de</strong> linguagem e não po<strong>de</strong> ser pensada como<br />

puro reflexo do mundo em que vivemos.<br />

Literatura afro-brasileira 37<br />

7 BUENO, Antônio Sérgio. Mo<strong>de</strong>rnismo em Belo<br />

Horizonte: a década <strong>de</strong> 20. Belo Horizonte: s/e<br />

1979, p. 150.<br />

8 DAMASCENO, Benedita Gouveia. Poesia negra<br />

no Mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro. Campinas: Pontes,<br />

1988.<br />

9 BARBOSA, Márcio (Org.). Frente negra brasileira<br />

— <strong>de</strong>poimentos. São Paulo: Secretaria da<br />

Cultura, 1998.

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