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literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

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O que mais chama a atenção na produção literária <strong>de</strong> Ricardo<br />

Aleixo é a exploração <strong>de</strong> vários recursos <strong>de</strong> criação que são levados à<br />

escrita literária como o que explora a sonorida<strong>de</strong> das palavras e outros<br />

efeitos que a escrita po<strong>de</strong> produzir, ainda que presa à folha <strong>de</strong><br />

papel. A exploração <strong>de</strong>sses efeitos faz com que alguns <strong>de</strong> seus poemas<br />

sejam <strong>de</strong> difícil transcrição, pois ao procurarmos escrevê-los em<br />

forma convencional, per<strong>de</strong>mos muitos dos sentidos que a leitura do<br />

poema na forma em que aparece no livro ajuda a produzir.<br />

No livro Festim (1992), o poeta já anuncia propostas <strong>de</strong> uma<br />

escrita poética que foge ao convencionalismo. As páginas do livro<br />

não são numeradas e alguns poemas não apresentam título. Veja a<br />

exploração das palavras escritas em “caixa alta” no poema que se segue:<br />

O QUE VIER EU<br />

TRAÇO. O QUE NÃO<br />

ME VEM EU<br />

CAÇO. e NEM ME<br />

RECINTO: eS<br />

PAÇO<br />

No mesmo livro, um outro poema retoma a máxima <strong>de</strong> Descartes<br />

“Penso, logo existo” e, à semelhança do poema “Ou isto ou<br />

aquilo”, <strong>de</strong> Cecília Meireles, brinca com as palavras para construir<br />

uma resistência ao previsto e ao <strong>de</strong>terminado. O poema sugere, já<br />

no título, uma rebeldia contra o já estabelecido. Essa intenção está<br />

transparente nos quatro versos que compõem o poema:<br />

R (EX-ISTO)<br />

EX<br />

ISTO<br />

LOGO<br />

AQUILO<br />

AQUILO/<br />

MAS NEM POR ISTO!<br />

DIS<br />

PENSO<br />

LOGO<br />

R EXISTO<br />

Literatura afro-brasileira 127<br />

Ricardo Aleixo nasceu em Belo Horizonte, em<br />

1960. Publicou A roda do mundo (1996), em parceria<br />

com Edimilson <strong>de</strong> Almeida Pereira, Quem faz<br />

o quê (1999) e Trívio – poemas (2001). Tem poemas<br />

e artigos sobre arte e cultura publicados em<br />

jornais e revistas como o Suplemento Literário do<br />

jornal Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, Callaloo (EUA),<br />

Revue Noire (França), Revista do Patrimônio Histórico.<br />

Integrou a equipe <strong>de</strong> realização da revista<br />

eletrônica Zapp Cultural. Foi articulista do jornal O<br />

tempo, <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

Ricardo Aleixo é consi<strong>de</strong>rado por vários estudiosos<br />

como uma das “revelações surpreen<strong>de</strong>ntes<br />

das últimas décadas”. Esta é a opinião do crítico<br />

Sebastião Uchoa Leite no posfácio do livro Trívio -<br />

poemas (2001).

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