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literatura 20jul.pmd - CEAO - Centro de Estudos Afro Orientais ...

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Proença Filho; “Consciência trágica” resgata poemas <strong>de</strong> Cuti,<br />

Mirian Alves, Oliveira Silveira, Antônio Vieira, Paulo Colina e<br />

Abdias do Nascimento. Finalmente, a antologia apresenta poemas<br />

alusivos à posição <strong>de</strong> grupos como o Quilombhoje, <strong>de</strong> São<br />

Paulo, Negrícia, do Rio <strong>de</strong> Janeiro e outros que <strong>de</strong>senvolviam, à<br />

época, na Bahia, uma poesia negra <strong>de</strong> resistência.<br />

Tentando explicar que a “<strong>literatura</strong> negra” tem como um<br />

dos temas mais importantes a questão i<strong>de</strong>ntitária, Zilá Bernd seleciona<br />

poemas com essa temática. Consi<strong>de</strong>ra a obra Trovas burlescas,<br />

<strong>de</strong> Luiz Gama, “um verda<strong>de</strong>iro divisor <strong>de</strong> águas na <strong>literatura</strong> brasileira”,<br />

porque “funda uma linha <strong>de</strong> indagação sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>”(p.<br />

17). O poema que inicia a pequena seleção <strong>de</strong> textos do poeta<br />

baiano não é outro senão “Quem sou eu”, em que o sujeito lírico<br />

analisa suas virtu<strong>de</strong>s (“Amo o pobre, <strong>de</strong>ixo o rico”) e ao mesmo<br />

tempo focaliza, com gran<strong>de</strong> ironia, os males da socieda<strong>de</strong> baiana<br />

da época:<br />

18 Literatura afro-brasileira<br />

.........................................<br />

Os birbantes mais lapuzes<br />

Compram negros e comendas,<br />

Têm brazões, não — das Calendas,<br />

E com tretas e com furtos<br />

Vão subindo a passos curtos (p. 19).<br />

Incluído no Período contemporâneo, o “Canto dos Palmares”,<br />

<strong>de</strong> Solano Trinda<strong>de</strong>, salienta os feitos dos quilombolas, que <strong>de</strong>ixam<br />

<strong>de</strong> ser vistos como representantes da marginalida<strong>de</strong> “forada-lei”<br />

e passam a ser cantados como heróis, a exemplo do que<br />

ocorre nas epopéias clássicas. Como acentua a organizadora, esse<br />

é um dos papéis da poesia <strong>de</strong> resistência, que elege os “valores e<br />

mitos necessários à passagem do sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a uma<br />

verda<strong>de</strong>ira consciência i<strong>de</strong>ntitária mediante a qual se elaborará uma<br />

auto-representação étnica e cultural positiva” (p. 45). Ressalta-se a<br />

intenção <strong>de</strong> se construir uma epopéia — um canto às glorias <strong>de</strong><br />

um herói — como a Ilíada e a Odisséia, <strong>de</strong> Homero, e Os Lusíadas,<br />

<strong>de</strong> Camões:

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